Habilidades cognitivas e IA aceleram os novos tempos
Assim como a fotografia catalisou manifestações de arte incríveis, com a IA nossas habilidades cognitivas ganham destaque
Habilidades cognitivas e IA aceleram os novos tempos
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6 de junho de 2024 - 8h33
Dizer que a inteligência artificial terá impacto na área de marketing é chover no molhado. Isto já está claro para os profissionais da área. Uma vantagem inegável é a redução significativa do tempo em várias atividades. A reflexão que precisamos fazer é: como usar a IA como um catalisador que leva nosso trabalho a outro patamar e o que nós podemos fazer para que isto aconteça.
Segundo o relatório anual “O Futuro do Trabalho”, do Fórum Econômico Mundial, 94% dos líderes de negócios esperam que seus funcionários desenvolvam competências específicas nos próximos anos. Nem poderia ser diferente. Acredito que a busca por novas habilidades é incontornável no mundo do trabalho, hoje e sempre. Muito mais do que uma orientação dos gestores e das empresas, é um compromisso pessoal, traço de autoestima profissional.
Sempre existirão novas habilidades e espaço para desenvolvimento pessoal, mas gostaria aqui de falar de habilidades que batizei de coringas: funcionam em qualquer posição, empresa, enfim, são o pretinho básico do mundo executivo. Basicamente, são características que fazem diferença para qualquer profissional e que já começam a ser desenvolvidas desde a infância, podendo evoluir ou retroceder a depender da postura e do suor de cada dia. Formam um rol de habilidades que permitem ao profissional atuar em diversas áreas, ainda que não tenha conhecimento técnico profundo (algum conhecimento técnico é sempre indispensável, vale dizer). E que, na minha opinião, farão muito diferença no “novo mundo” com a IA.
Flexibilidade cognitiva é uma das fundamentais. Basicamente, é a capacidade da sua mente de se adaptar. Pense como se fosse uma habilidade mental que deixa seu cérebro lidar com situações novas e inesperadas. Adaptabilidade é a chave da sobrevivência de qualquer espécie, incluindo executivos e executivas.
Sabe quando mudamos de ideia ou abordagem diante de novas informações ou circunstâncias? É a Flexibilidade cognitiva em ação, assim como nossa capacidade de pensar em várias coisas ao mesmo tempo e alternar a atenção entre elas. Outra forma de colocá-la em prática é quando pegamos diferentes atalhos para chegar a uma solução, em vez de ficarmos presos a apenas um jeito de fazer as coisas. Neste sentido, também destaco a importância de ouvirmos mais e falarmos menos (aquela velha história de que temos duas orelhas e uma boca por uma boa razão). Ouvir outras opiniões de forma aberta treina o cérebro para outros atalhos.
Pensamento crítico e capacidade analítica são essenciais porque é cada vez mais comum termos de lidar com montanhas de dados e informações, muitas vezes desorganizados ou contraditórios, para extrair insights que vão embasar decisões estratégicas. Quem desfaz este nó é o pensamento crítico exercido com poder de análise, que permite questionar, avaliar e interpretar dados de forma eficaz. Na era da IA, saber perguntar se torna mais importante do que saber responder, e para fazer perguntas efetivas, pensamento crítico e analítico são essenciais.
Muitos executivos (me incluo neste grupo) gastam grande parte do seu tempo em perceber quando algo está errado ou tem potencial para não funcionar. Aqui, é preciso ter sensibilidade ao problema. É como ter visão de raio-X, a habilidade de enxergar além da superfície e identificar problemas que podem estar escondidos. Ou seja, é descobrir um desafio antes que se torne um problemão e, logicamente, usar soft e hard skills para resolver com a menor fricção possível. Com um mínimo de letramento, a inteligência artificial pode ser bastante eficiente como uma ferramenta de antecipação de problemas.
E a criatividade? Skill cada vez mais valorizada, complexa e multifacetada que tem sido estudado por filósofos, psicólogos e artistas há séculos e não tem definição única. O que se pode dizer com alguma certeza é que se manifesta de inúmeras maneiras, desde as grandes ideias, imediatamente identificadas como criativas, até maneiras de falar, expor uma ideia e… até fazer uma planilha! Pessoalmente, acredito que alguns se arriscam ou exercitam mais, mas todos nós podemos ser criativos.
Finalmente, para que possamos tirar o melhor destas habilidades, autogestão e foco são essenciais. Com a crescente autonomia e flexibilidade no ambiente de trabalho, a autogestão se torna crucial. Com prazos apertados e múltiplos projetos em andamento, os profissionais devem ser capazes de organizar suas tarefas, definir metas, gerenciar seu tempo e manter a motivação e o foco, mesmo diante das inúmeras distrações do dia a dia.
Novas tecnologias geram inquietação, em uma dinâmica que já faz parte do “modus operandi” humano. Quando surgiu a fotografia, gerou-se uma inquietude sobre o trabalho dos pintores. Hoje, uma câmera de celular maravilhosa (sou suspeita, mas a do Samsung Galaxy S24 Ultra é imbatível) é sonho de consumo geral e os pintores seguem aí, trazendo inúmeras cores e formas que encantam nossos olhos. Enfim, não se substituíram, e sim se complementaram.
Assim é a IA. Ela nos obriga a nos reinventarmos. Assim como a fotografia catalisou manifestações de arte incríveis, com a IA nossas habilidades cognitivas ganham destaque e nos permitem fazer do marketing algo mais incrível e que ainda estamos longe de imaginar como será.
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