O que uma consulta no ChatGPT tem a ver com a crise climática?
A relação entre hábitos sustentáveis e o consumo moderado de dados de armazenamento é mais próxima do que imaginamos
O que uma consulta no ChatGPT tem a ver com a crise climática?
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22 de maio de 2024 - 6h25
Você sabia que uma consulta no ChatGPT pode consumir até 500 ml de água? Esse dado é de uma pesquisa divulgada pela Universidade da Califórnia e Universidade do Texas e me fez colocar mais um vilão como protagonista na crise climática.
Com toda a nossa vida armazenada nas “clouds” — desde fotos das nossas últimas férias, transações bancárias, postagens nas redes sociais, somando agora a inteligência artificial –, cresce de forma exponencial o consumo de processamento de dados.
Recentemente, em um documentário da BBC, consegui visualizar onde a “nuvem” está concretizada. A obra contava como a zona de Slough, uma área industrial negligenciada ao oeste da área central de Londres, transformou-se no maior hub de dados da Europa e o segundo maior do mundo.
O que antes eram galpões anônimos, agora são centros nevrálgicos de dados, que processam a grande maioria do tráfego global da internet, desde transações financeiras até aplicações de inteligência artificial.
Esses espaços abrangem milhares de quilômetros quadrados e estão interconectados por incontáveis cabos de fibra óptica, que por sua vez abastecem programas e algoritmos que consomem um volume crescente de informações.
Hoje, Slough é palco da maior competição tecnológica no desenvolvimento de modelos de IA com dados intensivos. Na arena, 302 empresas com data centers poderosos demandam um gasto energético exponencial.
O consumo de água acontece porque para operar e manter os sistemas resfriados, esses locais são equipados com ventiladores de piso que emitem ar frio, e alguns edifícios contam com sistemas de refrigeração, tudo impulsionado por três geradores que consomem, além da água, energia equivalente a 4 mil residências.
A falta de transparência por parte das companhias tecnológicas quanto ao consumo de energia e água agrava ainda mais a situação.
Por falar em divulgação, até recentemente, as empresas de dados mantiveram sigilo sobre seus impactos ambientais. Agora, Google, Microsoft e Meta revelam que seu consumo de energia e água supera o de muitos países pequenos.
Enquanto isso, a Amazon, o maior provedor de computação em nuvem, divulgou poucas informações sobre seu consumo energético e hídrico, mas reguladores europeus e americanos estão aumentando a pressão por mais transparência e eficiência.
Pensar nisso é desconfortável e preocupante – afinal, o que realmente está em jogo?
E aí pairam muitas perguntas no ar. Como as big techs, que disputam a supremacia da informação, conciliam suas ambições com a sustentabilidade do nosso planeta? Qual o impacto dos data centers que elas constroem ou demandam no meio ambiente? Acredito que este dilema deve guiar nossas ações e escolhas futuras.
Por enquanto, a nós, que somos cidadãos conscientes, só nos resta somar aos nossos hábitos sustentáveis o consumo moderado de dados de armazenamento.
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