Cannes se rende ao ritmo – e ao recado – de Baco Exu do Blues
Clipe “Bluesman”, feito para o rapper baiano pela AKQA e Stink conquista inédito GP de Entertainment for Music; Artplan leva Ouro com sertanejo sobre violência doméstica
Cannes se rende ao ritmo – e ao recado – de Baco Exu do Blues
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Bárbara Sacchitiello
18 de junho de 2019 - 15h40
“A partir de agora considero tudo blues/ O samba é blues, o rock é blues, o jazz é blues/ O funk é blues, o soul é blues/Eu sou Exu do Blues”. Esses versos abrem a faixa-título do álbum Bluesman, lançado em novembro do ano passado pelo rapper baiano Baco Exu do Blues. A faixa do álbum originou um clipe de 8 minutos, em que o cantor celebra como o ritmo musical foi um instrumento de libertação para a população negra e aborda, sob diferentes aspectos, como o racismo está enraizado na sociedade brasileira.
Embora seja uma questão social do País, a temática do racismo impactou o júri da categoria Entertainment Lions for Music e fez a AKQA São Paulo e a Stink Filmes – agência e produtora responsáveis pelo clipe, respectivamente – conquistarem o Grand Prix da categoria. Assista:
“A questão do racismo no Brasil é algo muito importante. Esse Grand Prix apresenta o blues como um movimento cultural e social para levar essa mensagem às pessoas e fazer a diferença. Eu também sou blues”, celebrou a presidente do júri de Entertainment Lions for Music, Paulette Long Obe, consultora musical e diretora do conselho Paulette Long, do Reino Unido.
Foi a primeira vez que o Brasil conquistou o Grand Prix na categoria, que em 2019 chega ao seu quarto ano de presença no Cannes Lions. Uma divisão do Entertainment Lions, a categoria foi criada com a proposta de celebrar mensagens que usem a música como elemento principal.
Responsável pela produção do videoclipe, Carolina Junqueira, produtora executiva da Stink Films, diz que o Grand Prix é uma surpresa para a empresa, ainda mais sabendo que é um projeto com uma força e caráter especiais. “Nada nessa produção foi feita ao acaso e de uma certa forma ela sintetiza a essência da nossa forma de trabalhar”, disse Carolina.
Outras canções brasileiras
Além do GP, o Brasil também conquistou um Ouro em Entertainment for Music, embalado pela voz da cantora sertaneja Naiara Azevedo. Para alertar a população sobre os preocupantes índices de violência contra às mulheres, a Artplan e o Governo Federal (por meio do Ministério dos Direitos Humanos, que atualmente se chama Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos) criaram a canção “Coração Pede Socorro”. A letra, composta para a campanha, parecia bem com a tradicional “sofrência” presente nas canções do gênero. Um detalhe, no entanto, dava o recado da mensagem (e só foi revelado após o lançamento do clipe): o sofrimento cantado por Naiara não era por amor, mas sim pela violência causada por um relacionamento abusivo. A campanha também contou com apoio da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap). Assista abaixo:
O País ainda conquistou um Bronze na categoria pelo trabalho “Música para os Olhos”, da Talent Marcel. O case traduzia os movimentos da baqueta da maestrina da Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp) em quadros que foram expostos na Sala São Paulo.
https://www.youtube.com/watch?v=yWdBCTiWA14
O Outro Grand Prix – This is America
O júri de Entertainment Lions for Music também entregou outro Grand Prix para um vídeo musical que também fala da questão racial. Premiado no Grammy e em outros festivais de música, o clipe “This is America”, de Childish Gambino, produzido pela Doomsday Entertainment, conquistou o principal troféu da área e foi elogiado pela maneira corajoso como abordou questões raciais e sociais dos Estados Unidos. Assista ao clipe:
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