Em Cannes, até cachorro tem cartão de visita

20 de junho de 2018 - 10h50

Fui fazer carinho em um cachorro que estava no colo da dona em uma festa quando fui abordada por um homem me entregando um cartão. Nada novo, já me acostumei bem com a estratégia de aproximação dos parceiros do festival (que muitas vezes parecem aqueles porta-vozes de ONGs na Avenida Paulista), peguei o cartão e agradeci.

Era o cartão de visita do cachorro.

Pensei por um segundo se deveria entregar um cartão meu de volta, mas não achei que seria um cartão bem utilizado – dificilmente ele vai precisar de um planejamento estratégico.

O cartão do Abby é só mais um da pilha que eu vou levar de volta pro Brasil, já que Cannes é na verdade um grande meet-up. Fala-se muito sobre a oportunidade de falar sobre Criatividade, mas no fundo, sobre Criatividade, fala-se muito pouco – ou mais do mesmo. Até o momento, pelo menos, a impressão é que as palestras são tão curtas que não conseguem se aprofundar em temas nenhum, uma boa parte é exposição de cases, e os nomes futurísticos prometem muito mais do que realmente entregam na hora.

Mas Cannes não acontece no Pallais ou nos espaços de palestra. Ficar em silêncio e aprender sobre alguma coisa com alguém não parece ser muito a vibe do Festival. Até porque, o que ouvimos até agora nos palcos não parece inovador o suficiente pra substituir a Vitamina D que absorvemos no sol enquanto conversamos com outras pessoas.

A ideia é muito mais encontrar, mandar mensagem, combinar almoços e jantares, trocar cartões de visita, aproveitar aquele HH pra falar sobre o desempenho abaixo do esperado do Brasil esse ano e ainda levantar teorias sobre o futuro da propaganda.

Afinal, se estamos aqui, somos parte dele – e nos sentimos tão empoderados a falar disso quanto qualquer palestrante.

Ah, se quiserem seguir o cachorrinho, ele é realmente muito fofo: @yesthatabby