Como criar narrativas em realidades imersivas
George Acohamo, da BSN Creative, e Simone Kliass, da XRBR e do IAB Brasil, falaram sobre as dificuldades de criar nesse ambiente e sobre a responsabilidade das marcas
Como criar narrativas em realidades imersivas
BuscarGeorge Acohamo, da BSN Creative, e Simone Kliass, da XRBR e do IAB Brasil, falaram sobre as dificuldades de criar nesse ambiente e sobre a responsabilidade das marcas
Amanda Schnaider
5 de junho de 2024 - 14h52
A entrada da Apple no mercado de realidade mista era esperada há anos, revelou Simone Kliass, co-fundadora da XRBR e VP do comitê de áudio e voz do IAB Brasil, durante o segundo dia do ProXXIma 2024. E isso finalmente se tornou realidade no início deste ano, quando o Apple Vision Pro foi lançado.
Com a sua chegada, houve muita especulação no mercado de que esse dispositivo daria um novo gás às discussões sobre narrativas imersivas. E, na visão de Simone, isso realmente aconteceu. “A Apple entrando é uma grande revolução”, complementou a VP.
Apesar de o lançamento da Apple ter chacoalhado a indústria, ele também desagradou alguns especialistas por conta de sua ergonomia e por proporcionar uma desconexão com o mundo real, mesmo com a sua característica de misturar o real e o virtual. Quanto a ergonomia, Simone enfatizou que essa é a apenas a primeira versão do aparelho e que a tendência é que ele seja aperfeiçoado o tempo.
Em relação a esse descolamento da realidade, George “Benson” Acohamo, CEO da BSN Creative, jurado de Digital Craft do Cannes Lions 2024, revelou que as discussões com os outros jurados dessa categoria estão girando justamente em torno de ter a consciência de que é preciso usar a tecnologia como ferramenta. “Temos que ficar atento a essa mensagem de até onde vai essa coisa da nossa humanidade, do lúdico, da nossa criatividade por si só, sem aparatos”, complementou.
Outra notícia que movimentou a indústria de realidades imersivas, nos últimos meses, foi o investimento bilionário que a Disney anunciou que fará no Fortnite, jogo da Epic Games. Para Simone, apesar de o hype do metaverso ter passado, esse anúncio da Disney, revela que há muita gente trabalhando nele.
Criar narrativas em realidades imersivas ainda é um universo muito novo para o mercado, segundo Benson. Além de pensar em criar em um ambiente não-linear, em quatro quadrantes, também é preciso pensar que não existe passividade do usuário nesses ambientes virtuais. “Fica muito mais difícil. Você tem que lidar com uma série de possibilidades e variáveis nessa história”, ressaltou.
O CEO da BSN Creative também enfatizou que a questão da produção também é complexa, porque envolve 3D, que não é simples e caro de fazer. Entretanto, salientou que essas tecnologias vão passar a fazer parte do cotidiano de todo criativo. “Vamos ter que aprender”, alertou.
Assim como os criativos vão ter que aprender a usar as realidades imersivas para suas produções, Benson complementa a cada dia mais as marcas vão ter que gastar mais dinheiro com isso, visto que vai começar a fazer parte do cotidiano das pessoas. “Hoje é só uma questão de desconhecimento, de não ter uma audiência massiva, de ser caro para desenvolver. Quando siso se tornar mais simples de ser feito, vai ganhar um outro papel e tamanho”.
Na visão de Simone, o maior erro das marcas e empresas que querem investir em experiências e realidades imersivas é surfar a onda do hype dessas tecnologias. “Tudo é integrado. As tecnologias não ficam em uma caixinha só. O erro é focar na caixinha”. Benson concorda reforçando que é preciso pensar se tem a ver com a marca, se faz parte de seu discurso.
Com relação aos próximos passos das realidades imersivas, Benson salientou que a partir do momento em que elas forem democratizadas, uma série de questões terão de ser levantadas. “Vai ter que ter algum tipo de legislação para isso poder ser feito de um jeito responsável. Isso é muito sério”.
Simone ainda ressaltou que é preciso tomar cuidado com o abismo de acesso que essas tecnologias estão criando. “Estamos falando de Apple Vision Pro, mas ainda não temos 5G. Temos que entender a nossa realidade e ser responsável. A ética e a responsabilidade são o número um de cada ação”.
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