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Soluções coletivas para problemas complexos

Lideranças da Soko sobem ao palco do ProXXIma para incentivar vulnerabilidades e incitar a reflexão sobre práticas tóxicas que ainda reverberam na indústria publicitária


31 de maio de 2023 - 19h04

Do sonho e utopia de nascer como uma agência que combatesse as práticas tóxicas da indústria sem abrir mão da entrega de um trabalho criativo relevante, a Soko esbarrou por algumas vezes ao longo de sua trajetória nas coisas que mais repudiavam. Fazendo parte do ecossistema publicitário, há o esforço contínuo manter vivo um propósito coexistindo com um cenário diferente – ou não tanto assim – do que acontece dentro de casa.

Lideranças da Soko levaram painel interativo para o segundo dia do ProXXIma 2023 (Crédito: Eduardo Lopes/Imagem Paulista)

Em um convite de articulação e exercício coletivo à vulnerabilidade, Brisa Vicente, COO; Felipe Simi, CEO e CCO; e Gabriela Rodrigues, head de cultura e impacto da agência, expuseram erros e acertos da Soko em tentar mudar o curso de uma atividade com padrões já pré-estabelecidos.

De acordo com Gabriela, ao longo de sete anos de história, perceberam que é quase impossível não ter práticas tóxicas dentro do ecossistema. “Muitas das nossas escolhas são tão triviais básicas e automáticas que esquecemos que quase como efeito dominó isso impacta o mercado”, corroborou a COO, Brisa Vicente, enfatizando o poder do processo de atenção às práticas internas e construção, perpetuação e adaptação de soluções para uma melhoria constante.

Em painel interativo, as lideranças apontaram alguns caminhos com base em aprendizados que tiveram desde a fundação da Soko:

Escreva a cultura e os não negociáveis, e divida com as pessoas

Se um cliente importante passa a não respeitar os prazos, sobrecarregando e adoecendo a equipe, mesmo após feedbacks, o que fazer? Em levantamento realizado ao vivo com a plateia do evento, a solução que liderou foi a da conversa com o cliente para que haja uma mudança. Outras opções eram alocar pessoas de outras equipes para ajudar; abrir mão do cliente, mesmo que tenha impacto significativo; não fazer nada, já que é um cliente fundamental para a empresa.

Todas as alternativas refletem as decisões enfrentadas pela Soko ao encarar o problema específico. A reflexão proposta, no entanto, foi delinear o que é inegociável para a empresa em termos de cultura, e o esclarecimento de que isso será testado todos os dias.

Para manter o propósito vivo é preciso agir, aconselharam as lideranças, ao ter um negócio mais norteado pela cultura do que para o cliente. Ao ter uma cultura escrita, é mais fácil que colaboradores cobrem que ela não seja abandonada, uma vez que é fácil perdê-la frente os desafios.

Crie uma ferramenta anônima para acolher e analisar as críticas

O nome da Soko e críticas envolvendo a agência estiveram presentes nas famosas “planilhas das agências” desde sua fundação. Com a intensificação das alegações envolvendo, inclusive, lideranças da empresa, uma das saídas encontradas foi a criação de uma ferramenta interna – também anônima – que fosse capaz de acolher e analisar as críticas.

Simi reconheceu que, no início, as críticas tecidas anonimamente legitimaram a Soko em alguns casos que realmente eram endereçados ao que acontecia internamente. Assim, o conteúdo da planilha auxiliou no desenvolvimento de soluções. Agora, mesmo com a ferramenta interna em mãos, as alegações da planilha não são ignoradas, uma vez que configura um local de voz para muitas pessoas do mercado.

“Ampliar esses canais é atender uma demanda reprimida de as pessoas falarem dos problemas dos lugares que elas trabalham”, disse o CEO.

Abra o diálogo com clientes e sugira alternativas

Manter-se fiel à cultura internamente é um desafio significativo, e os esforços devem ser perpetuados também junto aos clientes. A Soko, que não participa de concorrências, perdeu um cliente grande e participar de um processo resolveria problemas do ano. A solução foi abrir uma exceção, e comunicar o motivo da decisão ao time.

“Aprendemos que negar concorrência é muito arrogante”, relembrou Brisa sobre o histórico da indústria. “E é tão simples quanto entender que precisamos ter trabalhos remunerados para sermos fiéis aos escopos que temos com nossos clientes”, acrescentou, uma vez que concorrências são demandas que atravessam outras que já estão acontecendo dentro da agência.

Um dos meios de provocar a indústria a repensar o modelo já naturalizado de modo mais sustentável é abrir o diálogo com clientes que convidam para participação nos processo de concorrência para refletirem, juntos, modelos que acomodem as demandas de ambos os lados. Ademais, passaram a realizar workshops de química entre times da agência e cliente, ou análise de cases parecidos com o do cliente.

Articulação de ferramentas para problemáticas profundas

“Ainda que o assunto racismo seja muito antigo, o assunto de contratação com inclusão é recente no mercado, porque demoramos muito para começar a discutir”, diz Gabriela sobre a situação da diversidade de talentos nas agências de publicidade.

O mercado passa por uma reflexão da retenção de tais talentos, uma vez que há uma rotatividade muito alta. E a Soko passou por isso. A agência viu metas de contratação de diversidade sendo alcançadas e, na sequência, despencarem. Com os aprendizados, a Soko passou a garantir treinamento de lideranças e incentivo a contrações, fortalecer a área de recursos  humanos para desenvolver grupos subrepresentados, cláusulas no contrato dos clientes para que respeitem a cultura, entre outros.

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