O encontro do afrofuturismo com a economia criativa

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O encontro do afrofuturismo com a economia criativa

No Scream Festival, em Salvador, criatividade e empreendedorismo trazem à tona inovação fora do eixo


9 de dezembro de 2019 - 6h00

 

Candy Hate, jogo desenvolvido pelo ITAN Games que se propõe a ter uma narrativa conectada ao contexto étnico brasileiro (Crédito: Divulgação)

Grafiteiro, ilustrador, escritor, pesquisador e desenvolvedor de games. A trajetória do baiano Zezé Olukemi ilustra a junção entre arte, história e tecnologia, o que em muitos aspectos, atualmente, também poderia se enquadrar no conceito de afrofuturismo. Com participação ativa em vários coletivos, iniciativas empreendedoras e a exposição de obras em eventos internacionais, Olukemi é pesquisador da cultura tradicional Yorubá e graduando em Tecnologia em Jogos Digitais pela UNEB além de cofundador da Interactive Media Development (ITAN). O trabalho mais recente do ITAN é o jogo Candy Hate.

Zezé estuda a indústria de jogos digitais e como “as cosmovisões africanas contribuem para o desenvolvimento de narrativas em jogos digitais mais alinhadas com a sociedade brasileira.” A fonte de seus negócios e inspiração é a cidade de Salvador, que recebeu, nos dias 6 e 7 de dezembro, o Salvador Creativity and Media Festival (Scream Festival) evento realizado pela Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP). A cidade vem se destacando regionalmente como polo de economia criativa. Ana Coelho, presidente da ABMP, explica que o festival tem como propósito trazer uma nova dinâmica para a cidade. “Queremos impactar as pessoas, inspirar e movimentar a economia da nossa cidade, fomentar o turismo. Salvador é o lugar ideal pra ser este palco de ideias, de debates e protagonizar a economia criativa”, afirma Ana. A segunda edição do evento reuniu mais de 2 mil pessoas em cinco espaços simultâneos de conteúdo no Centro Histórico de Salvador.

Paulo Rogério, fundador da aceleradora Vale do Dendê, explica que Salvador e Recife representam um novo eixo de criatividade no nordeste brasileiro. Recife por sua vocação tecnológica com o Porto Digital, e Salvador com sua capacidade criativa. “Nesses dois ecossistemas existe a possibilidade de equilíbrio entre criatividade e tecnologia. Juntando esses dois polos podemos criar um novo eixo de desenvolvimento econômico”, diz Rogério. Ele reforça também a vocação de diversidade da capital da Bahia. “Do ponto de vista étnico, Salvador é um território de influencia africana e vem atraindo eventos como o Afro Fashion Day, Afropunk e Black Film Festival.”

Empreendedorismo descentralizado

Lucas Reis, Marília Duarte e Urbano Sampaio, fundadores da Zygon (Crédito: Divulgação)

Lucas Reis, CEO da Zygon, adtech que oferece soluções de marketing digital, explica que a cena de Salvador está cada  vez mais dinâmica por meio de uma junção de elementos que vão de iniciativas públicas, e, também, pelo maior engajamento do ecossistema local, tanto de empresas tradicionais, quanto de startups e associações empresariais. “Essa união entre poder público, iniciativa privada, e o contexto estrutural de maior demanda por inovação, tem feito Salvador evoluir do ponto de vista de aceleração e incubação, já abrigando o maior número de startups no Nordeste brasileiro.”, explica Lucas.

A aceleradora Vale do Dendê é uma das iniciativas locais que fomentam o empreendedorismo “fora do eixo” na região (Crédito: Divulgação Vale do Dendê)

A Zygon mantém operação e desenvolvimento em Salvador, mas atua nacionalmente. “Localmente, nos esforçamos para estimular a formação profissional para área de Data Driven Marketing no geral e de AdTech em especial. Procuramos fazer com que o crescimento da Zygon como empresa fortaleça o ecossistema de Salvador, ao oferecer novas oportunidades de trabalho e de negócios. Do ponto de vista social, isso ajuda a diminuir as desigualdades regionais, ao criar pólos de geração de riqueza em diferentes pontos de um país imenso como o Brasil”, explica Lucas.

“Olhando especificamente para aspectos empresariais, a concentração do ecossistema em São Paulo infla o mercado de lá e o desconecta do resto do país. Como estão lá os fundos de venture capital, as maiores startups e o centro de decisão dos negócios, se torna difícil e caro para uma empresa encontrar e contratar profissionais qualificados em São Paulo, o que acaba concentrando recurso demais dentro de uma bolha, que passa a não enxerga oportunidades de negócios rentáveis em áreas e mercados que não sejam falados na Faria Lima, Vila Madalena ou Pinheiros.”

Conteúdo sem fronteiras

Caio Costa, do podcast do Podcitário (Crédito: Reprodução)

Caio Costa, publicitário e idealizador do podcast Podcitário, reforça que a cidade vive uma trajetória de evolução em relação ao empreendedorismo. Talvez o grande público nem imagine o quanto algumas iniciativas estão organizando o cenário na cidade, mas que vem produzindo resultados. Temos o Hub Salvador, local no Comércio construído para fomentar o empreendedorismo através de hackatons e outros eventos que estimulam a inovação. Além disso, o Vale do Dendê e Wakanda Warriors incentivam o empreendedorismo com programas voltados para a população negra, possibilitando o surgimento de novos negócios”, explica.

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