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O que é quiet quitting e como as marcas podem evitar esse processo

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O que é quiet quitting e como as marcas podem evitar esse processo


30 de junho de 2023 - 17h00

quiet quitting

Como evitar a demissão silenciosa? – Imagem: pexels/nataliya vaitkevich

Apesar de poder ser traduzido como “desistência silenciosa” ou “demissão silenciosa”, o termo quiet quitting não se refere, literalmente, ao processo de desligamento de um colaborador. 

O conceito está ligado a um desempenho alinhado ao contrato, que se propõe a fazer estritamente o que é necessário – nada mais e nada menos que isso.

Esse comportamento se ampliou entre os profissionais durante a pandemia de Covid-19 e ganhou destaque na internet depois que vídeos sobre o tema viralizaram no TikTok.

De acordo com pesquisa da Robert Half, 52% dos executivos identificaram colaboradores adotando essa postura entre o final de 2022 e início de 2023.

Na prática, o movimento reflete uma busca crescente dos colaboradores pelo equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal, com prioridade para uma rotina sem exageros – diferente da cultura workaholic, por exemplo. 

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O que é o fenômeno do quiet quitting?

Quiet quitting, ou demissão silenciosa na tradução para o português, é um termo utilizado para descrever a postura em que o colaborador passa a se empenhar o mínimo necessário no ambiente corporativo.

Conhecido também como slow quitting, o conceito está relacionado ao movimento de profissionais insatisfeitos com o trabalho, que passam a desenvolver suas funções com o mínimo esforço possível. 

Esse processo pode acontecer por diferentes fatores, como a falta de motivação, o sentimento de desvalorização ou pela sobrecarga e estresse gerado no ambiente de trabalho.

Diante desses cenários, os colaboradores tendem a pedir o desligamento da empresa em prol do seu bem-estar físico e mental, buscando uma maneira de tornar a dedicação a essa área mais saudável e equilibrada.

Segundo pesquisa sobre saúde mental e trabalho realizada pela The School of Life e pela Robert Half, 19% dos profissionais fora de cargos de liderança pediram demissão entre 2021 e 2022, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida.

Essa cultura, que pode ser considerada o oposto da postura workaholic (caracterizada pelo trabalho excessivo), costuma ser associada aos nativos da geração Z, nascidos entre 1996 e 2010. 

Quais as principais causas do quiet quitting?

causas do quiet quitting

Principais causas do quiet quitting – Imagem: Pexels/sora shimazaki

A demissão silenciosa não tem uma motivação padronizada, mas pode acontecer como reflexo de diversos fatores, que vão desde a falta de motivação até um desalinhamento interno nas empresas.

Estabelecer metas inalcançáveis, por exemplo, é uma prática que tende a gerar frustração na equipe e pode impactar no engajamento dos colaboradores.

Somadas, essas causas podem levar os profissionais a adotarem uma posição mais passiva do que ativa nos processos e metas desenvolvidos pela organização.

Além da busca por uma relação mais saudável com a vida profissional, conheça outros fatores que podem motivar o quiet quitting a seguir. 

Cultura organizacional desalinhada

Cultura organizacional é um conjunto de práticas, comportamentos e valores adotados pelas empresas. Ela influencia diretamente o ambiente corporativo e tem como objetivo promover um local de trabalho harmonioso.

Quando essa cultura não está bem definida ou alinhada entre os membros da equipe, a tendência é um impacto negativo no bem-estar geral dos profissionais envolvidos com a organização. 

Metas indefinidas, conflitos com colegas ou gestores e a ausência de um ambiente diverso e inclusivo, assim como avaliações confusas ou a falta delas são alguns exemplos de atitudes que podem prejudicar a qualidade da cultura organizacional.

Com isso, o ambiente organizacional é afetado e, consequentemente, as relações nele desenvolvidas também são prejudicadas.

Burnout

A síndrome de burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um transtorno mental causado pela sobrecarga e o estresse no ambiente de trabalho. Essas condições geram cansaço físico e mental, afetando o bem-estar do colaborador.

Entre os principais sintomas da síndrome estão:

– dificuldade de concentração;

– exaustão física e mental;

– alterações no apetite;

– mudanças de humor;

– distúrbios do sono.

Em alguns casos, sintomas físicos também podem surgir, como o aumento de pressão arterial, arritmia e dores musculares causadas pela tensão. 

Isso reflete no desempenho profissional e também na vida pessoal, sendo o quiet quitting uma forma de prevenir o burnout e evitar essas consequências.

De acordo com o estudo compartilhado anteriormente, de autoria da parceria entre The School of Life e Robert Half, 6% dos líderes e 3% dos liderados relataram terem sido diagnosticados com a síndrome entre 2020 e 2022.

Entre os que não foram diagnosticados com o transtorno, 19% dos liderados e 18% dos gestores afirmaram conhecer ao menos um colega que teve burnout.

Trabalho não reconhecido

Segundo a pesquisa realizada pela Robert Half, destacada anteriormente, a falta de reconhecimento aparece entre o principal motivo para o quiet quitting, sendo a causa apontada por 63% dos entrevistados, junto a falta de oportunidade de crescimento.

Na visão dos recrutadores, o estudo apontou que a capacidade de assegurar a motivação da equipe é considerada o principal desafio entre 50,01% dos entrevistados.

Atitudes que podem ser consideradas simples, como parabenizar o alcance de uma meta, por exemplo, podem contribuir neste ponto.

Além disso, é importante que as empresas adotem uma postura de reconhecimento do esforço dos colaboradores, mesmo quando um objetivo não é alcançado ou um projeto não obtém os resultados esperados.

Outro ponto é a implementação de salários justos e competitivos em relação ao mercado, assim como programas de carreira bem definidos para que o profissional saiba o que pode alcançar na empresa.

Falta de propósito ou espaço para crescimento profissional

quiet quitting nas empresas

Causas da demissão silenciosa? – Imagem: Pexels/karolina grabowska

De acordo com a pesquisa “Geração Z no mercado de trabalho”, os nascidos entre 1996 e 2010, apontados como principais adeptos da desistência silenciosa, a oportunidade de desenvolvimento é prioridade na escolha de um emprego.

Os dados mostraram que 34% dos entrevistados colocaram esse como o principal ponto na hora de decidir por uma empresa, seguido por dinheiro, resposta de 28% dos participantes.

O propósito apareceu logo depois, em terceiro lugar na lista, também com 28% das respostas. 

Como reconhecer o quiet quitting na empresa?

Como o nome revela, o processo de reduzir a atuação profissional é silencioso, mas existem formas de reconhecer essas movimentações no ambiente corporativo.

Um dos passos que as empresas podem tomar para evitar o quiet quitting é observar a rotina interna, o envolvimento dos colaboradores e o desempenho das entregas.

De maneira geral, existem alguns sinais que podem auxiliar na identificação de causas que levam a demissão silenciosa. Conheça os principais a seguir.

Diminuição na produtividade

Um dos principais sinais é a diminuição da produtividade, que pode estar relacionada à falta de motivação. Nesses casos, o profissional passa a produzir menos do que costumava, seja por não se sentir valorizado ou por estar desinteressado, por exemplo.

O acompanhamento da produção dos profissionais é uma forma de identificar esse problema, além de ser uma ferramenta que pode contribuir para feedbacks mais completos. 

Baixo engajamento nas ações da empresa

A desistência silenciosa também pode ser identificada a partir de uma queda no engajamento de profissionais em ações realizadas pela organização, sejam elas voltadas para a interação ou para o desenvolvimento da equipe.

Por exemplo, um colaborador que sempre participava de eventos, confraternizações e reuniões da empresa e, em algum momento, deixa de comparecer nessas ações, pode indicar a falta de engajamento por motivos específicos, como desmotivação e desinteresse.

Baixo comprometimento com metas

Alinhado ao exemplo anterior, um profissional que se mantém passivo e desinteressado nas metas da organização também pode ser um sinal de alerta para os gestores.

O conformismo com resultados abaixo da média, a falta de envolvimento com os projetos e a apatia ao realizar tarefas diárias podem indicar esse impacto no comprometimento com os objetivos da organização.

A falta de comprometimento também pode se estender para as metas profissionais pessoais de cada um. 

É o que acontece quando um colaborador deixa de investir no seu desenvolvimento ou deixa de aproveitar oportunidades voltadas à capacitação profissional oferecidas pela empresa, por exemplo.

Quais são as principais tendências da demissão silenciosa em uma empresa?

O quiet quitting traz consequências para o profissional, mas também pode afetar as empresas de forma negativa, trazendo, em um cenário mais amplo, impactos ao desempenho da marca no mercado e prejuízos financeiros.

Ao reduzir sua atuação profissional, o colaborador limita também seu desenvolvimento nessa área, bem como o cultivo de relações com outros membros da equipe, o que pode prejudicar a produtividade da empresa.

Outras tendências de influência da demissão silenciosa nas organizações, incluem:

Imagem negativa no mercado

tendência de quiet quitting

Tendências da demissão silenciosa em uma empresa – Imagem: Shutterstock/Tero Vesalainen

A demissão silenciosa pode impactar negativamente a imagem da marca no mercado, tanto para consumidores, como para investidores e talentos. 

Os colaboradores podem buscar novas oportunidades de emprego e, com isso, aumentar a rotatividade da empresa e passar ao mercado uma mensagem de que a cultura organizacional não é saudável ou não valoriza seus profissionais.

Neste cenário, há uma tendência de prejuízo à competitividade, à atração de talentos e ao fortalecimento da marca entre o público. 

Metas e objetivos constantemente adiados

A insatisfação com o trabalho pode afetar a retenção de talentos e ampliar os índices de turnover da empresa. 

Com isso, a tendência é que a organização precise retomar processos seletivos e treinamentos com maior frequência, uma vez que deve ocupar o cargo vago e capacitar os profissionais novos conforme as políticas e processos internos.

A consequência é um adiamento de metas e objetivos, que pode acontecer mesmo sem a demissão do profissional que adota a cultura de quiet quitting e deixa de focar em alcançar os resultados propostos pela empresa.

Equipes desmotivadas e sem compromisso

A demissão silenciosa tende a estabelecer uma atmosfera de instabilidade na empresa, gerando tensão e insegurança para os colaboradores.

Na prática, isso pode refletir diretamente na motivação da equipe, impactando a produtividade, o comprometimento com resultados e o bem-estar no ambiente de trabalho.

Além disso, tendo como característica principal a conduta de “fazer o mínimo possível”, o nível de comprometimento das equipes também tende a ser menor, podendo afetar a qualidade das entregas e o alcance de metas.

Sem a motivação e o compromisso, os colaboradores não propõem novas soluções e, com isso, a criatividade e a inovação da marca podem ser prejudicadas. 

Como evitar a demissão silenciosa?

As empresas podem adotar algumas medidas para evitar o quiet quitting, como alinhar as expectativas com a equipe, por exemplo. 

Deixar claro as responsabilidades de cada função, os prazos para cada tarefa e os objetivos de cada projeto é uma maneira de garantir resultados mais assertivos e evitar cobranças injustas.

Junto a isso, oferecer uma posição de abertura para diálogos entre gestores e colaboradores é mais um passo para aprimorar esse alinhamento e reduzir os ruídos que podem prejudicar a harmonia do ambiente. 

Além disso, outras ações que podem ajudar na prevenção às demissões silenciosas são:

– implementar uma gestão humanizada;

– trabalhar a comunicação interna e incentivar feedbacks;

– oferecer um programa de benefícios aos colaboradores;

– estabelecer uma cultura organizacional harmoniosa, diversa e inclusiva;

– promover treinamentos e eventos voltados para o desenvolvimento dos colaboradores.

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Resumo do tema

O quiet quitting está relacionado a uma postura mais passiva do colaborador, que passa a desenvolver apenas funções estritamente necessárias dentro do seu cargo.

A ideia é buscar uma relação mais saudável com a vida profissional, evitando a sobrecarga e as consequências que ela pode trazer, como o estresse e o burnout. 

Esse movimento ganhou destaque com a pandemia de Covid-19 e viralizou nas redes sociais nos últimos anos, mas as empresas precisam se atentar aos sinais para evitar os impactos negativos da demissão silenciosa, como uma equipe desmotivada.

A queda de produtividade e a falta de engajamento são alguns pontos de atenção, que podem ser prevenidos com políticas de reconhecimento, comunicação aberta e cultura organizacional fortalecida.

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