Volta ao mundo no Rio de Janeiro
Casas de hospitalidade trazem as culturas de diferentes países e geram negócios e relacionamentos para marcas
11 de agosto de 2016 - 12h03Por TERESA LEVIN
As disputas esportivas são o centro de atenção dos Jogos Olímpicos, tanto nas arenas, quanto nas transmissões televisivas e nos live sites. Mas outra vertente chama a atenção no Rio de Janeiro, atraindo cariocas e turistas. As chamadas hospitality houses, as casas de países e marcas, prometem ser um dos grandes atrativos do evento para quem está na capital _ uminense. Por meio delas, é possível fazer uma viagem pelo exótico Catar no bairro de Botafogo ou conhecer um pouco de Portugal em uma caravela na Baía de Guanabara. Na Lagoa Rodrigo de Freitas, é possível dar um pulo na Suíça, Holanda ou França, em casas localizadas ao redor do ponto turístico. Enquanto isso, em Ipanema, dá para conhecer a Dinamarca e ainda ter uma experiência divertida com os bloquinhos de montar da Lego. Até mesmo a NBA tem o seu espaço no Rio — no Boulevard Olímpico.
Oficialmente, a cidade do Rio de Janeiro receberá 52 casas de hospitalidade ao longo dos dias de competições esportivas. Algumas delas funcionarão também durante os Jogos Paralímpicos. Enquanto algumas são abertas ao público e buscam promover a cultura, turismo e gastronomia dos países, ou até aproximar o consumidor de algumas marcas, outras são palco de relacionamento e negócios, como o espaço montado pela consultoria Ernest & Young, também na Lagoa.
Sucesso durante a Copa do Mundo do Brasil, em 2014, a Casa da Suíça, denominada de Baixo Suíça, já gera filas de visitantes. Mas, para os Jogos Olímpicos, sua estrutura cresceu e deve receber 450 mil pessoas ao longo de agosto e setembro em seus 4,1 mil metros quadrados. Criado pela XYZ Live em parceria com a austríaca Hochsitz.AT, o espaço conta com três casas e atrações que vão da patinação no gelo e pista de corrida (com patrocínio da Omega) até churrasco suíço e globo de neve gigante.
“Com nosso parceiro internacional, somos responsáveis por toda a montagem e execução do espaço. A casa em si e a programação foram feitas pela equipe da Suíça com o nosso suporte”, explica Alexandre Magalhães, da XYZ, acrescentando que o projeto buscou respeitar a beleza do entorno, com uma estrutura baixa, em madeira, envidraçada. A Casa da Suíça terá ainda shows e workshops. O aspecto educacional e social também será prestigiado, por meio de eventos organizados em colaboração com escolas públicas e associações esportivas. Cerca de cem atletas suíços, de 25 esportes, são esperados na casa depois das competições para se confraternizar com o público e demais competidores. Entre os destaques, está a tenista Martina Hingis. Como legado, a área ocupada na Lagoa será recuperada e revitalizada após o término dos Jogos. O Baixo Suíça é resultado de uma campanha de comunicação de dois anos chamada Swissando no Brasil, e que inclui ainda projetos em áreas como ciência, tecnologia, negócios, política, educação e cultura.
Já em Botafogo, no casarão que sediava a Casa Daros, está funcionando a Casa do Catar, que recebeu o nome de Bayt Qatar. Após dois anos de concorrência, o Comitê Olímpico do Qatar (COQ) escolheu a SRCOM como agência responsável por idealizar, planejar e executar o projeto que inclui uma fiel representação de Doha, capital do país, durante a Rio 2016. Em 12 mil metros quadrados os visitantes podem conhecer as riquezas naturais, culturais e gastronômicas do país mais rico do mundo, segundo a revista Forbes.
Jarros, copos, enfeites, tecidos e outras peças foram trazidos diretamente do Catar para a decoração da casa. Ao todo, 300 profissionais estão envolvidos direta e indiretamente na criação e execução do projeto, que inclui áreas reservadas apenas para convidados e outras abertas ao público em horários especiais. A gastronomia está a cargo do chef brasileiro Alex Atala. Ao todo, o espaço conta com o apoio de 16 marcas, entre elas três patrocinadores máster: Qatar Airways, Ooredoo (empresa de telecom do Oriente Médio patrocinadora da Copa do Mundo de 2020) e QIC.
Luciana Paiva, diretora executiva da SRCOM, conta que a equipe da agência fez algumas viagens ao Catar para poder incluir o máximo da cultura local reproduzida no espaço. “Foram dois anos de elaboração do projeto e um mês para a montagem. Importamos desde tecidos a almofadas e temperos”, conta. A P&G, empresa do mesmo grupo, assina a cenografia dos ambientes. Com entradas a R$ 20, os visitantes poderão conhecer um autêntico mercado qatari, fazer pintura corporal de hena e ter uma experiência interativa no Qatar. A SRCOM também assina casa da Grã-Bretanha, que está localizada no Parque Lage, um dos mais belos pontos turísticos do Rio de Janeiro. Para visitar, é necessário fazer registro no site oficial para receber um convite, pois a entrada será limitada.
Outra casa que promete ter destaque é a da Holanda, instalada no Clube Monte Líbano. Com o patrocínio da Heineken, a Holland Heineken House funcionará durante os Jogos Olímpicos com esportes durante o dia e festas à noite. As competições são transmitidas em telões de 12 por 7 metros e os frequentadores terão à disposição aulas de natação, futebol e vôlei na própria casa, ou de surfe e stand- up na praia de Ipanema. A entrada custa € 45 e vale para o dia inteiro, permitindo entrada e saída do espaço ao longo do dia. A CSM foi a grande facilitadora do projeto, viabilizando a produção do espaço, explica Herique Netto, chief comercial & marketing officer da CSM Brasil. “Será uma programação intensa e inclusive o próprio rei da Holanda receberá atletas em premiações”, fala. A empresa também está à frente da coordenação e produção das casas Pyeong-Chang 2018 House, sede das próximas Olimpíadas de Inverno, e EY House — espaço essencialmente para negócios.
Além das casas de hospitalidade citadas, há espaços com diferentes objetivos instalados na cidade, como casas do Rio de Janeiro, Brasil, Itália, África, República Checa, Austrália, Argentina, Colômbia, México, Alemanha, Áustria, Hungria e Jamaica. A sede dos próximos Jogos Olímpicos, Tóquio, está sendo divulgada por meio da casa Japão Tokyo 2020, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca. Entre as marcas, também têm seus espaços Visa, Panasonic, Correios, Coca-Cola, Omega e a grife carioca Farm, que montou uma casa na Urca assinada pelo Banco de Eventos.
Esta reportagem a está publicada na edição 1722, de 08 de agosto, exclusivamente para assinantes do Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa e para tablets iOS e Android.