Opinião

Como tornar sua marca mais promptable?

Como preparar sua marca para ser compreendida, lembrada e recomendada por inteligências artificiais generativas

Livia Marquez

Chief managing director da Convert 21 de novembro de 2025 - 14h00

A era dos cliques está dando lugar a uma nova lógica: são as inteligências artificiais que decidem quem merece ser visto. Se antes a disputa era pela primeira posição em uma página de busca, agora a visibilidade das marcas depende de como elas são interpretadas e recomendadas por sistemas de inteligência artificial generativa.

Uma pesquisa recente da EY, em parceria com a Microsoft, mostra que 76% da Geração Z no Brasil já utiliza inteligência artificial (IA) em sua vida pessoal e profissional. Essa adoção massiva entre os mais jovens revela um novo paradigma: não é mais o usuário que procura a marca, mas a marca que precisa estar pronta para ser lembrada.

Nesse novo contexto, surge o conceito de Generative Engine Optimization (GEO), um horizonte estratégico para empresas que desejam continuar relevantes em um ecossistema em que os algoritmos não apenas listam resultados, mas sintetizam respostas.

Durante anos, o Search Engine Optimization (SEO) foi a principal forma de conquistar relevância digital. Um jogo de palavras-chave, links e estrutura técnica. Agora, com a ascensão dos modelos generativos, entramos na era do GEO, que exige algo mais sofisticado: uma arquitetura de marca fundamentada em significado, contexto e autoridade distribuída. Em outras palavras, não basta estar presente, é preciso fazer sentido.

Essa transformação se tornou possível com o avanço dos Large Language Models (LLMs), modelos de linguagem que alimentam sistemas de IA capazes de compreender, relacionar e recomendar informações de forma contextual. São eles que tornam o GEO uma necessidade real: o modo como as marcas aparecem nas respostas desses modelos define sua relevância no diálogo digital contemporâneo.

Uma marca pronta para ser promptable, ou seja, compreendida e recomendada por algoritmos de IA, precisa, antes de tudo, ter uma identidade conceitual clara. Ela não se limita a um nome ou logo: deve representar atributos, valores e categorias de forma inequívoca. Assim, mesmo que o usuário não a cite diretamente, ela pode ser reconhecida pelo sistema inteligente.

Outro pilar essencial é a presença em fontes confiáveis. Modelos generativos aprendem com o que encontram na superfície da internet e essa superfície é feita de citações, menções e credibilidade. Se a sua marca não estiver presente em portais de referência, artigos, reviews e plataformas públicas, é como se ela não existisse.

Além disso, é preciso aprender a falar a linguagem semântica dos algoritmos. O GEO não funciona na lógica da repetição de palavras-chave, mas da concorrência contextual: como sua organização é descrita, quais associações carrega e em quais ecossistemas aparece. Por fim, uma marca só se mantém promptable se tiver um posicionamento robusto e coerente. LLMs não replicam tudo: eles selecionam o que faz sentido no fluxo de uma conversa. Identidades genéricas ou inconsistentes simplesmente não atravessam esse filtro.

Se o SEO perguntava “o que as pessoas estão buscando?”, o GEO provoca: “o que vale a pena recomendar?”. Trata-se de um movimento que une performance técnica, reputação, narrativa e estratégia de longo prazo. O futuro da comunicação é generativo e nosso grande desafio será garantir que continue sendo humano também, mostrando com clareza, propósito e coerência.