Opinião

O que o mercado brasileiro pode observar da vitrine de IPs asiáticas

A Korea Character Licensing Fair 2025 mostrou que aquele país é um player essencial nesse setor em expansão

Fernanda Abreu

Vice-presidente de licenciamento da Endemol Shine Brasil 28 de julho de 2025 - 10h45

De 17 a 20 de julho, pude ver de perto a maior feira de licenciamento da Coreia do Sul, a Korea Character Licensing Fair. O evento é um reflexo do dinamismo atual do negócio global de licenciamento, e sua intenção é consolidar a Coreia do Sul como potência global na criação de marcas e personagens, com propriedades cada vez mais preparadas para o mercado internacional.

Para o Brasil, o evento representa uma vitrine estratégica: há muito a observar com o modelo asiático de gestão de propriedades intelectuais (IPs, na sigla inglesa), mas também oportunidades concretas de negócios — tanto para importar essas marcas quanto para inspirar novas formas de criação e monetização da propriedade intelectual.

O país asiático é um polo inovador e um player essencial nesse setor em constante expansão. Pude observar diversas marcas locais com grande potencial de conquista de novos espaços e públicos. As animações originais vindas do ambiente digital, foram o que mais se destacaram.

Empresas de todos os portes apresentaram seus portfólios e ficou claro que o interesse em expandir a presença de marcas coreanas no cenário internacional é cada vez maior, abrindo portas para parcerias lucrativas e estratégicas em diversos segmentos, como brinquedos, vestuário, alimentos, jogos e muito mais. Principalmente na distribuição de conteúdo, há um mercado aquecido e cheio de potencial

Exemplos disso são personagens como Bellygom, Esther Bunny e Tomarmon, que vêm conquistando espaços em diferentes continentes, especialmente entre o público da Geração Z e o segmento infantil. A feira reforçou a percepção de que o mercado de licenciamento está em plena ascensão, impulsionado por consumidores e produtos que conectam suas paixões no dia a dia.

A Coreia, em particular, se destaca por sua capacidade de criar tendências globais e por sua paixão por inovação. Isso se reflete na qualidade e na originalidade das propriedades apresentadas, que se alinham com as demandas de um público cada vez mais diversificado e engajado. A sinergia entre o conteúdo digital e o licenciamento físico foi um dos pontos altos, mostrando como a experiência do fã pode ser amplificada através de produtos tangíveis e imersivos.

A integração da inteligência artificial e experiências de marca também chamaram a atenção, demonstrando como a tecnologia pode transformar a forma como interagimos com nossos personagens e marcas favoritos.

A abertura para fazer collabs diferenciadas, com marcas de diversos setores, foi outro destaque. Muitas IPs coreanas apresentadas já nascem integradas a múltiplas plataformas: animações, webtoons, livros infantis, jogos mobile e produtos licenciados. Essa abordagem multiformato, comum na Ásia, mostra o potencial de construção de ecossistemas de marca que podem inspirar produtores e licenciadores a desenvolver franquias desde a origem com essa mentalidade crossmedia.

O Brasil, com sua forte cultura pop e interesse em conteúdos internacionais, pode ser um destino estratégico para essas marcas, tanto via licenciamento quanto parcerias em mídias e produtos. Casos como o de Esther Bunny, que já firmou parcerias com marcas como Crocs, Urban Outfitters, Casetify e CyberAgent, mostram como as IPs coreanas estão se posicionando em diferentes nichos do mercado internacional.

As oportunidades são inúmeras e vale a pena observarmos com atenção esses movimentos.