Passa-se o ponto. Ou vendem-se dados
Dados pessoais são vendidos desde sempre; só que, em vez de estarem digitalizados, estavam em cadernetas ou livros contábeis
Dados pessoais são vendidos desde sempre; só que, em vez de estarem digitalizados, estavam em cadernetas ou livros contábeis
29 de novembro de 2018 - 14h49
Ultimamente, tenho conversado bastante com alguns amigos advogados sobre a GDPR — Regulamento Geral de Proteção de Dados. Entendo de dados, mas tenho pouquíssimo conhecimento sobre a Constituição brasileira. E, em uma dessas conversas, caiu uma ficha. A gente se acha inovador e tecnológico, mas a venda de dados é muito antiga, deve ter mais de cem anos!
Calma, não estou ficando louco. Sei que, por exemplo, a Microsoft só tem 43 anos e seria impossível vender dados sem os bancos. Ou melhor, sem ter os dados. Faz sentido, então, porque os comerciantes colocam as placas de “passa-se o ponto” em frente aos estabelecimentos ou empresas que estão à venda.
Os dois casos tratam a venda de dados. O que muda é o formato.
Sim, a aquisição de empresas serve (também) para troca de informações e conhecimento, ou seja, desde sempre são vendidos dados pessoais, só que, em vez de estarem digitalizados, estavam em cadernetas ou livros contábeis.
Um desses amigos advogados exemplificou bem a tese, usando a história do Barão de Mauá, que se tornou um dos maiores empresários, banqueiro e político brasileiro a partir da compra de dados. Na época, chamávamos de livros contábeis e dívidas e esses “dados” vinham com o nome, telefone e endereço dos credores.
O que mudou muito daquela época é o processamento. Hoje, conseguimos cruzar diversas origens de informação de uma maneira mais rápida e eficiente. E imagino o tempo que levava para entender, na época daqueles livros gigantes, quem era credor no banco e ainda trabalhava na empresa dele. Afinal, processamos informações complexas em segundos. Mas ainda não conseguimos ler todas as Barsas no mesmo tempo.
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