Liga Ventures: agricultura é o setor que mais usa IA

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Liga Ventures: agricultura é o setor que mais usa IA

A maturidade das startups no uso de IA foi o tema central da pesquisa feita em parceria com o iFood

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26 de abril de 2024 - 6h03

Inteligência artificial tem sido explorada pelas startups no agricultura e pecuária (Crédito: Tensor Spark/Adobe Stock)

A inteligência artificial tem sido explorada pelas startups na agricultura e pecuária (Crédito: Tensor Spark/Adobe Stock)

Em parceria com o iFood, a Liga Ventures divulgou na Startup Landscape Brasil 2024 que descobriu a maturidade das startups brasileiras, sobretudo as de agricultura, no uso de inteligência artificial (IA). Das mais de 70 mil empresas associadas à Liga, cerca de 770 responderam ao questionário sobre a evolução e tendência do setor. Dentre os principais destaques do estudo, se destaca o pioneirismo das agtechs, startups voltadas ao agronegócio, no uso de IA.

IA nas agtechs

Além das agtechs, com 13% entre as cinco categorias que mais utilizam inteligência artificial, estão as health techs, com 11%, e as martechs, com 9%. As startups relacionadas à saúde têm usado a IA para processamento de imagens, personalização de tratamentos, medicamentos e monitoramento de pacientes. As martechs utilizam a tecnologia para recomendação de produtos, segmentação de público, automação do atendimento, promoção e ofertas personalizadas.

Já as retailtechs trabalham com IA para automação de processos como análise de rupturas e prevenção de fraudes, assim como o atendimento ao cliente. As startups relacionadas à criação de conteúdo, ou content economy, têm utilizado as ferramentas para cocriação de conteúdo. Além disso,  também utilizam a ferramenta para transcrição, tradução, edição e geração de vídeos e imagens.

Reeducação geracional

Segundo a pesquisa, cerca de 73% das startups são voltadas ao segmento business-to-business (B2B), ou seja, no fornecimento de serviços e produtos para empresas. Nesse sentido, os principais usos têm sido: hiper automação de processos, análise de dados, cibersegurança e otimização de processos de atendimento. “A IA generativa ajuda a trazer algo mais concreto para quem não entende tanto do bastidor, da parte tecnológica. Por exemplo, se você usar uma aplicação que já edita o vídeo, você vê o produto. Isso dá uma materialidade maior”, comenta o sócio da Liga Ventures, Guilherme Massa.

Para ele, a IA não é algo tão novo quanto o entusiasmo que a IA generativa demonstra. Afinal, modelos de aprendizado de máquina (machine learning) e outra funções analíticas já vinham sendo usadas nos últimos dez anos. “Os empreendedores de startups não colocavam no discurso que a IA fazia parte do conjunto de ferramentas e funcionalidades. As que colocavam estavam muito ligadas à análise de dados e, depois da IA generativa, foi uma profusão”, comenta.

Além disso, Massa comenta que será preciso recuperar a educação das pessoas sobre IA e mostrar que esse é um processo histórico de desenvolvimento de tecnologia.

Agronegócio e inteligência artificial

Com foco na agricultura de precisão, automação de máquinas e veículos autônomos, as agtechs estão introduzindo a modernização das culturas agrícolas. Como destacado por Massa, a agropecuária é diferente de outros setores nos quais uma solução tecnológica pode ser replicada para vários clientes, como plataformas de anúncios, por exemplo. “Todo mundo fala de agricultura de precisão, só que, quando falamos de IA na agricultura de precisão, falamos de outra quebra que é para qual tipo de cultura, porque tem muita diversidade. O que serve para cana de açúcar não resolve o café”, comenta.

Em 2023, outra pesquisa da Liga Ventures, Startup Landscape: Evolução e tendências para o agronegócio, registrou mais de 970 startups ativas na América Latina, sendo 83% apenas no Brasil. Quando esmiuçado os setores por atividade, cerca de 10% estão relacionadas à biotecnologia e pouco mais de 7%, cada, são de back-office, geoprocessamento, gestão pecuária e análise de plantio, além de outros segmentos variados. Quando analisada a média histórica, a criação desse setor aconteceu a partir de 2016, chegando ao auge em 2019, com cerca de 140 startups criadas.

“Em outras indústrias, a sustentabilidade aparece como uma caixinha independente, mas no agronegócio, não é assim. Porque, apesar da cadeia geral ter o meio ambiente como preocupação, não estão pensando em soluções específicas”, comenta Massa. Em 2025, Belém, no Pará, vai receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). A quase um ano e meio do evento, as agtechs ainda podem assumir o protagonismo no debate se conseguirem se preparar para isso, avalia Massa.

“Quando o mercado internacional passa a cobrar medidas voltadas à sustentabilidade, as startups passam a olhar para isso também”, diz. Contudo, acrescenta que o desafio não está apenas no desenvolvimento de tecnologias, mas na difusão dessas novas tecnologias no mercado.

Explosão de investimentos

Se 2021 foi um ano ruim para as agtechs, com a criação de apenas 8% das 970 startups agrícolas, para os outros setores foi uma explosão de investimentos. Para Massa, aquele tinha sido um ano atípico em que houve várias rodadas de investimento com valuations altos. Além disso, “investidores anjo” e capital estrangeiro também entrou no jogo de investimentos da startups.

Em 2021, foram investidos quase R$4 milhões e, em 2023, os capitais investidos não chegaram a R$ 1 milhão. “Esse foi um ano de caçar o unicórnio, o bilhete premiado, e agora passaram a reavaliar o porte das empresas, o fluxo de caixa, para que as empresas possam se sustentar por mais tempo”, diz.

Em compensação, a quantidade de deals – investimentos e aquisições – se manteve relativamente estável nesse mesmo período. Com variação de cinco pontos para baixo, 2023 fechou com 60 deals. “O que vamos começar a ver, de 2025 para frente, são as startups se consolidando e com volumes maiores. E, se cruzarmos os dedos, quem sabe começamos a ver unicórnios no agro”, aposta.

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