Longevidade: ciência, sociedade e o papel das marcas
Nós vamos viver mais. Isso é fato. Mas viveremos bem?
Nós vamos viver mais. Isso é fato. Mas viveremos bem?
10 de março de 2025 - 11h27
Novas pesquisas médicas comprovam que podemos retardar o envelhecimento e melhorar tanto a função cognitiva quanto a função física. O Dr. Nir Barzilai, diretor fundador do Institute for Aging Research no Albert Einstein College of Medicine, estuda centenários — pessoas que chegam aos 100 anos com saúde e autonomia. Suas descobertas revelam dados fundamentais:
• O corpo humano tem potencial para alcançar 120 ou mais anos;
• Mulheres vivem, em média, seis anos a mais que os homens;
• Pessoas ricas vivem de 10 a 12 anos a mais que aquelas com menor renda;
• Conexão social e extroversão aumentam a expectativa de vida.
No SXSW 2025, a longevidade é um dos temas centrais, reforçando que o envelhecimento não é apenas um fenômeno biológico, mas também uma transformação social, econômica e cultural. Na Opening Session, Kasley Killam trouxe essa perspectiva, destacando a importância da saúde social — nossa capacidade de criar conexões — como um pilar essencial para a longevidade, tanto quanto a saúde física e a mental.
Peter Attia, que conduziu a Featured Session “The Science and Art of Longevity”, afirma em seu livro Outlive, que a longevidade possui dois componentes: “o primeiro é até quando você vive, sua expectativa de vida cronológica; o segundo, igualmente importante, é como você vive — a qualidade do seu tempo de vida, chamado de healthspan, ou expectativa de vida saudável.”
Mas, apesar da visibilidade crescente do tema, muitas organizações e marcas ainda não percebem esse movimento e suas infinitas oportunidades. Pelo contrário: o etarismo está mais presente do que nunca — nas empresas, no desenvolvimento de produtos e na comunicação. Como falar em longevidade saudável quando pessoas de 40 e 50 anos já se sentem excluídas?
Por isso, foi inspirador ver uma marca brasileira no palco do SXSW, junto ao WGSN, lançando uma iniciativa inovadora: o Centro de Pesquisa da Mulher do Grupo Boticário. Em parceria com o Hospital Albert Einstein, o projeto busca entender as reais necessidades das mulheres em todas as fases da vida — e não apenas na juventude.
Esse projeto reforça um movimento urgente e necessário para as marcas: ir além da venda de produtos e gerar valor real para a sociedade, apoiando as comunidades que se estruturam em torno de pautas relevantes.
Renata Gomide, VP de Marketing do Grupo Boticário, diz: “Como marca de beleza há quase 48 anos no mercado, entendemos que não basta apenas desenvolver produtos, precisamos compreender profundamente a mulher, nossa principal cliente”. Uma cliente que, invariavelmente vai viver diferentes ciclos de vida, cada um com diferentes desafios.
Empresas que compreenderem a longevidade (saudável) como uma transformação profunda — e não apenas como um avanço médico — tendem a encontrar inúmeras oportunidades.
Oportunidades essas não só de negócios, mas também de impacto e legado.
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