Mais tempo para criar melhor
Onipresente em Austin, a AI Generativa torna os profissionais mais criativos e gera um bom gancho para conversas interessantes no SXSW 2025
Ai, ai, ai… essa tal de “EiAi” que não sai da cabeça das pessoas… Pelo segundo ou terceiro ano consecutivo, muitas das conversas de corredor do SXSW – que são as melhores fontes de informação por aqui – são sobre esse tema ou passam por ele em algum momento.
É natural que diante de alguma novidade, as pessoas fiquem teorizando sobre como ela vai impactar o presente e o futuro. No caso do SXSW, onde o índice de futurologistas por metro quadrado é o maior do planeta, as conversas sobre as perspectivas ganham uma dimensão ampliada, anabolizada pelo pioneirismo de pensamento de muitos dos participantes e pela ansiedade – nem sempre bem disfarçada – de outros.
Não posso dizer que sou totalmente imune aos cenários – alguns catastrofistas – que são descritos pelos “especialistas”, mas também tenho que dizer que mantenho os pés no chão. Acho que vivi verões suficientes para conquistar a seguinte convicção: o que quer que venha da tecnologia nos ajuda a ficar mais rápidos, mas o que realmente nos faz melhores é a criatividade humana.
Por exemplo, antes da era digital e dos computadores pessoais, escrever um artigo como esse era um perrengue. Era preciso ter uma máquina de escrever e de ter tempo extra. Afinal, se o autor decidisse mudar um parágrafo de lugar ou mesmo uma palavra, era preciso datilografar tudo de novo.
O computador mudou isso e tornou tudo mais rápido. A internet fez as pesquisas mais rápidas e as redes sociais permitiram que todo mundo pudesse produzir conteúdo e distribuir rapidamente. A cada avanço da tecnologia o acesso à expressão pessoal dá um salto. Hoje, produzir conteúdo é muito mais democrático.
E nisso chegamos ao marketing de influência, que é a especialidade da Mynd, conforme aplicamos AI no nosso contexto, percebemos que ela ajuda muito em identificar tendências, mapear oportunidades e mensurar entregas. O que, definitivamente, a AI não consegue fazer é criar a conexão que um influencer consegue ter com seu público. Isso só nasce de “Inteligência Natural Criativa”.
Por isso, por mais evoluída que a IA Generativa esteja se tornando, o que ela faz é olhar o passado com cuidado e competência cada vez maior e ajudar os autores nas suas pesquisas, reduzir o tempo de produção, eliminar barreiras de idioma e até otimizar os textos (daqueles que tenham humildade suficiente para aceitar o que a AI vai sugerir) — o que a AI não consegue fazer é encontrar um ângulo original, ter uma sacada genial ou produzir algo completamente fora da curva. E vamos combinar: são esses elementos que impactam o mercado porque são eles que fazem as pessoas comprarem e as empresas a faturarem.
Mas, sem dúvida, a tecnologia tem a capacidade de proteger os humanos que criam qualquer tipo de conteúdo. Por exemplo, a humanidade ficou privada de um livro do escritor Ernest Hemingway porque a namorada dele perdeu os originais datilografados. Hoje, graças à nuvem, a gente não perde nada. E graças à AI a gente perde cada vez menos tempo.
E o tempo é importante para a produtividade dos criativos nem tanto para eles produzirem mais, mas principalmente para que eles possam criar melhor. Afinal, a qualidade da produção tende a melhorar quando os talentos têm mais tempo para curtirem o ócio criativo — o que inclui os bate-papos nos corredores do SXSW.