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SXSW

Selena Gomez quer quebrar o tabu da saúde mental

Ao lado de Solomon Thomas, sua mãe Mandy Teefey e do psicoterapeuta Corey Yeager, artista discutiu a importância de promover acesso a serviços de saúde mental


10 de março de 2024 - 22h00

Neste domingo, 10, as estrelas do entretenimento e do esporte Selena Gomez e Solomon Thomas participaram de uma conversa sobre a importância de desconstruir os tabus sobre saúde mental. O debate foi mediado pela psicóloga clínica Jessica Stern e também contou com a participação do psicoterapeuta e coach Corey Yeager e Mandy Teefey, mãe de Selena e CEO da Wondermind, ecossistema de “mental fitness” que fundou com a filha.

Selena Gomez (Crédito: Thaís Monteiro)

Painel contou com a presença de Selena Gomez, Mandy Teefey, Corey Yeager e Solomon Thomas (Crédito: Thaís Monteiro)

As duas celebridades no palco ressaltaram a importância de tornar público o debate sobre saúde mental, que ainda é estigmatizado. Em 2022, Selena lançou um documentário sobre sua saúde mental intitulado “My Mind & Me”. Para ela, esse momento, embora assustador pré-lançamento, foi o que a libertou das ressalvas quanto a falar de sua saúde mental. “Não tinha mais que esconder. Ajudou a me liberar de muita ansiedade de falar quando eu estou tendo um dia ruim ou preciso de um tempo”, disse.

Segundo a atriz e cantora, ela decidiu fazer o documentário porque se inspirava nos relatos de outros sofrendo psicologicamente e que sentiu que também poderia compartilhar sua vivência com mais pessoas para que o conhecimento da vivência do transtorno mental pudesse se espalhar.

Para o jogador da NFL, Solomon Thomas, o despertar para essa comunicação mais aberta e honesta sobre saúde mental aconteceu depois que sua irmã cometeu suicídio. Ele, inclusive, prefere o termo “morrer de suicídio”, pois considera que os transtornos mentais devem ser tratados como demais doenças somáticas.

Segundo o atleta, diante da morte da irmã, que sempre criou um espaço seguro para que ele fosse vulnerável em casa, ele entrou em depressão e começou a ter ideações suicidas. Embora sua mãe o incentivasse a falar sobre suas questões publicamente, ele não se sentia pronto. Porém, decidiu falar sobre a irmã, de como ela era e que falta fazia ao mundo. A partir disso, ele começou a receber comentários agradecendo sua atitude e de pessoas que vivenciavam transtornos mentais. Assim, ele começou a defender a causa.

Thomas é co-fundador e é diretor do conselho da The Defensive Line, uma comunidade sobre saúde mental que visa empoderar conexões salvadoras. “Fora de casa, nunca me permiti ser vulnerável. Nos vestiários, não era permitido ser sensível. Ríamos de pessoas sensíveis. Fui atingido pelo terremoto da morte da minha irmã. Tive que fazer terapia e fazer um trabalho para descobrir como ser eu mesmo. Hoje, converso e me conecto com as pessoas que estão sofrendo. O mundo precisa de mais pessoas falando sobre isso”, disse.

“Me fez perceber que muitas pessoas estão em silêncio e não se sentem seguros em ser vulnerável. isso mudou a forma como eu vivo e vejo o mundo. Não quero que isso pare”, complementou.

Diálogos internos

Mandy Teefey também compartilhou os sentimentos de culpa e vergonha por suas questões mentais, sobretudo o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, com o qual é diagnosticada. “Eu me taxava de doida, mas fazendo isso eu permitia que outros me tratassem assim”, pontuou. A Wondermind surgiu de uma vontade de mudar a narrativa sobre saúde mental e dar acesso ou recursos para que todos possam buscar alternativas para cuidar de si. Mandy e Selena tiveram a ideia para a empresa depois que Mandy se internou para tratar de sua saúde mental e viu pessoas serem recusadas na clínica por falta de seguro ou dinheiro para bancar o tratamento.

“Começou a partir de um diálogo entre nós duas sobre nossas jornadas e notamos muita identificação uma com a outra. Queríamos ajudar outras mães e filhas a terem esse diálogo”, afirmou Selena. O Wondermind tem diferentes pilares de conteúdo e irá lançar um app que gamefica a experiência de autoconhecimento.

Outros convidados reforçaram a importância da autoempatia e de mudar a linguagem usada consigo mesmos. “É mais fácil pensar coisas negativas sobre nós mesmos do que positivas. Exige um esforço para fazer o pensamento positivo acontecer. Precisamos ser mais gentis conosco e com consistência”, disse Yeager. O psicoterapeuta argumentou que as redes sociais promovem uma vida sem adversidades e, por isso, é importante se mostrar vulnerável e humano, defendeu.

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