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Criatividade brasileira: reconhecimento justo, representação incompleta

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16 a 20 de junho de 2025 | Cannes França
Diário de Cannes

Criatividade brasileira: reconhecimento justo, representação incompleta

Plural e diversa, a criatividade vai além das fronteiras e dos palcos


18 de junho de 2025 - 15h50

Estar em Cannes este ano é uma honra especial. Ver o Brasil sendo homenageado como Creative Country of the Year carrega um simbolismo profundo para quem trabalha com criatividade. É um reconhecimento a uma trajetória que não começou ontem.

A verdade é que a criatividade brasileira já tem cadeira cativa aqui há décadas.

Desde que Washington Olivetto trouxe o primeiro Leão de Ouro para o Brasil, cinco décadas atrás, o país vem marcando presença de forma consistente no festival.

Agências brasileiras conquistam prêmios ano após ano, talentos nacionais sobem ao palco, participam de júris e integram  painéis. A elite criativa brasileira vem, participa, brilha. 

Mas essa elite representa tudo?

A homenagem deste ano, para mim, é ao Brasil como um todo. E isso diz muito. Diz que a criatividade brasileira não é feita só por quem consegue cruzar o oceano em junho. Ela é feita também por quem cria longe dos holofotes, com menos verba e mais improviso, com menos referências internacionais e mais sensibilidade local.

Tem muita gente boa que nunca pisou em Cannes, mas que entrega soluções criativas todo santo dia, para o cliente, mercado, e própria vida.

Criatividade é campanha, sim. Mas também é uma “gambiarra” genial que vira produto, é estratégia que nasce na conversa com o dono do boteco, é narrativa construída na quebrada que emociona o board da multinacional. O Brasil criativo é imenso! Diverso, plural e muito maior do que o Palais consegue comportar.

Estar aqui é incrível. Ver o Brasil ser celebrado, mais ainda. Mas o maior prêmio talvez seja esse: reconhecer que a criatividade brasileira vai muito além dos nomes e sobrenomes que aparecem nas listas.

Ela tá no sangue de quem, mesmo sem palco, cria futuro.

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