Voo turbulento
Momentos em que tudo parece estar fora do lugar. podem ser o melhor lugar para se estar
Momentos em que tudo parece estar fora do lugar. podem ser o melhor lugar para se estar
21 de junho de 2023 - 12h38
Na última sexta-feira (16), peguei o primeiro voo da minha vida, com destino a Cannes. Foram quase 12 horas ininterruptas no ar.
Foi incrível. A sensação de frio na barriga que dá é inexplicável. Saber que você está a milhares de pés de altura traz uma sensação de tranquilidade absurda, ao mesmo tempo que te coloca em completo estado de pânico. É difícil distinguir quando uma coisa toma conta da outra. Acho que acontece uma simbiose entre as duas que não dá para desatar.
E então você tem a sensação de que é só você e o vazio do céu. O silêncio. O nada.
Até que um balanço começa a revirar tudo.
Te joga de um lado para o outro, coloca em xeque todas as suas certezas e te pergunta como se enxergasse a sua alma: “E aí? Tá pronto?”
A resposta não vem. Mais silêncio. Menos sensatez.
Até que enfim tudo se acalma.
E você vê que o chacoalhão nem foi tão forte assim, que as horas que você passou se concentrando para não passar mal foram apenas alguns minutinhos e que o voo vai continuar seguindo o seu destino tranquilo. Até a próxima turbulência.
O processo criativo é como andar de avião. Gostoso, desesperador, acolhedor, aterrorizante, excitante e turbulento.
Não há atalho e exige repertório toda vez que você embarca em uma viagem.
Descobri isso voando para Cannes. Mas faço isso desde o dia em que dei o meu primeiro passo a pé atrás dos meus sonhos.
Agora estou ansiosa para conhecer o voo de cada ideia que desembarcou em Cannes. Tenho certeza de que esse é o melhor lugar do mundo para se celebrar um voo turbulento.
Até o próximo embarque.
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