25 de junho de 2025 - 11h52
Após 15 anos imersa no universo de criação pra internet, fui testemunha de tantas transformações que seria impossível listar todas.
O vídeo do YouTube, inicialmente quase quadrado, evoluiu para o formato horizontal, passou para 1080p, depois para 4K, e se transformou em vertical, algo que eu jamais imaginei!
Passei pela era do Snapchat, das lives, o IGTV foi substituído pelo Reels, e o TikTok chegou para redefinir o conceito de conteúdo instantâneo. O podcast, antes visto como um nicho, se tornou um fenômeno global.
Durante todo esse processo, de blogueira e youtuber virei “criadora de conteúdo”. Comecei minha jornada em 2010, criando conteúdo por paixão e para me conectar com pessoas que compartilhassem os mesmos interesses. As primeiras marcas surgiram como parceiras e, por volta de 2015, começaram os primeiros publis, ainda sem a estrutura de hoje.
Ao olhar para trás, sinto um imenso orgulho por ter feito parte dessa evolução, não apenas na trajetória de creator, mas também na transformação do mercado publicitário ao longo desses anos. E depois desse tempo todo, fui parar no Cannes Lions a convite de uma amiga antiga da faculdade, a Jackie Salomão, que hoje trabalha na Meta.
Super antenada, ela me contou que recentemente o evento incorporou os criadores de conteúdo, inclusive com painéis dedicados a esse tema. Então fiz minha mala, vim pra cá e pensei: “É agora que vou ver o que o mundo publicitário anda pensando sobre nós, os creators.”
O que mais me chamou a atenção foi como as marcas estão, finalmente, entendendo a importância do entretenimento em primeiro lugar no conteúdo publicitário. Falar sobre conteúdo genuíno, conexões reais e autenticidade me fez perceber que estamos sendo vistos de forma mais ampla e profunda.
O papel do criador de conteúdo se expande, não mais como um simples outdoor, mas como um protagonista que entrega a mensagem de maneira mais natural e envolvente. Esse movimento é uma grande evolução e me fez sentir que estamos no caminho certo.
Durante o evento, também tive acesso a dados incríveis sobre a Creator Economy brasileira. Somos 16% dos criadores de conteúdo do mundo e, com 72% dos brasileiros seguindo criadores, não é surpresa que 78% deles já compraram algo após uma recomendação de um creator.
Esses números são a prova da força e da influência que temos no mercado global e fiquei animada para o que ainda há por vir.
Além disso, durante o evento Jackie Salomão e Rafa Lotto, da Youpix, organizaram um evento da Creator Economy BR, onde pudemos nos conhecer melhor, trocar experiências e ideias. Foi uma oportunidade incrível para fortalecer nossa rede e ver como podemos continuar a transformar o mercado publicitário.
Porém, ainda sinto que, embora o mercado esteja dando passos importantes, a realidade das parcerias precisa evoluir mais. Na prática, sinto que precisamos de relações de longo prazo com as marcas, e não apenas chegando pra criar um reels e três stories. Também precisamos repensar os briefings engessados, que muitas vezes limitam nossa liberdade criativa.
Quantas vezes não falei pra agências (e marcas) que não tinha como fazer o que pediam e acabei até desistindo de vários trabalhos porque não aceitaram minhas ideias.
As agências precisam ter a coragem de explicar aos clientes que não dá para passar cinco mensagens em um vídeo de um minuto, que o público não vai engolir alguns tipos de publicidade só porque vem um criador que gostam muito. O conteúdo deve ser genuíno, envolvente e relevante para aquele criador em específico.
Apesar dos desafios, minha experiência no evento me deixou mais inspirada do que nunca e confiante que o mercado vai seguir melhorando.
As pessoas que conheci são incríveis e motivadoras, e estou pronta para continuar meu caminho de creator, sempre explorando novos formatos, seja no conteúdo de sempre, seja nos publis. Tenho certeza de que os próximos 15 anos serão ainda mais surpreendentes.
Publicidade
Compartilhe
Veja também