Como os clubes trabalham os negócios do futebol feminino?

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Como os clubes trabalham os negócios do futebol feminino?

Patrocínios e maior visibilidade na mídia pode fazer a modalidade se tornar financeiramente sustentável e ampliar o faturamento


26 de janeiro de 2022 - 6h00

Palmeiras e Corinthians buscam investimentos para a equipe feminina (Crédito: Fabio Menotti / Palmeiras)

Com a ampliação dos canais de transmissão de futebol e a chegada dos streamings, outras modalidades, além do futebol masculino – amplamente repercutido e que gera grande audiência para as emissoras – ganharam mais oportunidade e visibilidade, como é o caso do futebol feminino.

A final do Paulistão feminino de 2021, por exemplo, disputada entre São Paulo e Corinthians, foi transmitida em dezembro pelo SporTV e pelo YouTube. Na ocasião, o Alvinegro Paulista foi o mandante do último jogo da competição e recebeu público recorde na Neo Química Arena. Mais de 30 mil torcedores acompanharam a partida em Itaquera. No YouTube, a transmissão já ultrapassou a marca de mais de 800 mil visualizações.

Esse maior visibilidade, consequentemente, aumenta o interesse das marcas em investir na modalidade, além de trazer oportunidades para que novos anunciantes consigam se inserir no meio esportivo. Na opinião do superintendente de marketing, comunicação e inovação do Corinthians, José Colagrossi, “a qualidade do espetáculo é real, o interesse do grande público é real e a audiência mostra isso inequivocamente”. O executivo completa dizendo que, quanto mais os clubes apostarem na qualidade dos eventos esportivos, maior será a visibilidade deles. Isso acontece porque o futebol feminino, é um produto que tende a atrair, naturalmente, o interesse do público, já acostumado a acompanhar esse esporte na mídia. Portanto, para que mais pessoas tenham como hábito acompanhar jogos de futebol feminino, é necessário que o acesso à modalidade na mídia seja maior.

A entrada das marcas e de patrocínios levanta uma questão relevante para que as equipes femininas consigam se descolar da base financeira do masculino e garantir a ampliação da receita para poder expandir os negócios e a estrutura. A vice-presidente de mídia e business intelligence da DPZ&T, Rafaela Queiroz, afirma que os clubes estão começando a entender o futebol feminino como fonte de renda. “Quando tem esse investimento, isso traz um benefício para o time, que consegue atrair mais talentos, visibilidade e os interesses das emissoras”, comenta.

Uma expressão que pode ser tomada como chave quando se fala de patrocínio ao futebol feminino é a captação de recursos. O investimento e iniciativas que fomentam a modalidade já fazem parte da agenda de muitas marcas, como a Ambev que, por meio do Guaraná Antarctica, é uma das principais apoiadoras de competições e equipes, além de patrocinar a seleção brasileira. A empresa atua em múltiplas frentes, liderando a busca por mais marcas patrocinadoras e apoiando a ONG Meninas em Campo, que já atendeu 200 atletas de base. “Entendemos que, para as marcas ganharem visibilidade, precisamos primeiro apoiar e ajudar a modalidade a ganhar a notoriedade que merece”, ressalta a gerente de conteúdo do Guaraná Antarctica, Giuliana Cittadino.

E essa é uma preocupação de Leila Pereira, que assumiu a presidência da Sociedade Esportiva Palmeiras e comanda a Crefisa, marca do setor financeiro responsável por um dos maiores valores de patrocínio direcionado ao futebol no continente, que disse, em entrevista ao BandSports, que existe interesse em investir mais no futebol feminino. “Precisamos encontrar receita e patrocinadores para o futebol feminino. Vamos em busca. Com receita e com investimento, tudo fica mais fácil”, apontou.

Atualmente, a Crefisa estampa os uniformes das Palestrinas que, assim como a equipe masculina, tem o apoio da FAM e da Puma. O Palmeiras disputou o título do Campeonato Brasileiro com o Corinthians na última temporada e venceu a Copa Paulista. Para a temporada deste ano, disputará a Libertadores ao lado das rivais Alvinegras e da Ferroviária, uma das principais forças da modalidade feminina no Brasil.

Nesse mesmo cenário, e com um projeto mais longo em relação ao futebol feminino, o Corinthians é uma das equipes que mais consegue traduzir esse investimento em resultado. No ano passado, quatro marcas foram patrocinadoras da modalidade, entre elas, a Spani Atacadista que esse ano expandiu a sua parceria ao futebol masculino. O clube conquistou a tríplice coroa com Brasileiro, Paulista e Libertadores, com exibição em canais como Globo (SporTV), Band e ESPN (detentora dos direitos de transmissão da Libertadores Feminina) e plataformas como o Youtube e o Paulistão Play, além dos programas esportivos que repercutiram as vitórias. O time capitaneado pelo presidente Duilio Monteiro Alves e pela diretora da modalidade, Cris Gambaré, entende que o crescimento da modalidade acompanha as equipes. “Isso é um processo de amadurecimento do futebol feminino na mídia, mas bastante progresso tem sido feito”, diz Colagrossi, do Corinthians.

Recentemente, o Vasco da Gama anunciou parceria com a Ambev para fomentar o futebol feminino e garantir sua autossustentabilidade. O acordo, para os próximos 12 meses, prevê aumento de 50% em relação aos investimentos que a marca já direcionava ao clube e está sendo tratado como garantia para a valorização da categoria. As jogadoras do Vasco chegaram a enfrentar problemas de falta de infraestrutura e até mesmo de suplementos na temporada anterior.

Investir no futebol feminino neste momento é oportunidade para as marcas, diz Wolff, sócio da Wolff Sports. “Ao direcionar o investimento ao futebol, a empresa tem a oportunidade de investir em modalidade que prega a igualdade. Muitas marcas, neste momento, estão de olho nesse tipo de oportunidade”, assegura.

Algumas empresas já estão consolidadas nesse ambiente, como é o caso da Visa que, no final do ano passado, após a Fifa anunciar o desenvolvimento de vertical comercial exclusivamente voltada para o futebol feminino, tornou-se a primeira marca a apoiar globalmente a plataforma da entidade. O investimento faz parte do objetivo de promover mais o futebol e se tornar catalisadora para a equidade no meio esportivo. Também é possível citar a Adidas, que ampliou a parceria com a União das Federações Europeias de Futebol (Uefa), e a TIM, que fechou acordo para patrocinar as equipes de futebol feminino do Atlético Mineiro e do Cruzeiro. Por isso, Colagrossi, do Corinthians, percebe essas possibilidades de negócios como evolução. “Acredito que veremos uma forte aceleração da modalidade nos próximos três anos. Posso garantir que o retorno é bastante significativo”.

O futebol feminino tem a capacidade de aumentar o espectro de comunicação e vínculo com os torcedores. Muitas vezes, por ter canal próprio e poder tratar assuntos que não são abordados no futebol masculino, os clubes conseguem, através da modalidade feminina, construir outro posicionamento perante sua torcida. O clube consegue até mesmo chegar em audiência diferente, atesta o diretor-geral do futebol feminino do Internacional, Cláudio Curra: “É um meio importante de comunicação com o público feminino e engajamento em lutas por direitos e conquistas sociais. E existe o aumento da quantidade de atletas que podem gerar recursos para os clubes através de vendas e empréstimos, além da utilização de sua imagem”, diz Curra, que entende que esse é um processo natural. “O público passa a consumir mais produtos vinculados à modalidade; as cotas de transmissão crescem e as premiações, igualmente. O valor e alcance de mercado das atletas também”, avalia.

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