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Opinião

Você ainda vai ter uma IA para chamar de sua

Até pouco tempo tínhamos inteligências treinadas para entender textos, imagens, áudios, sem que elas pudessem ter capacidades simultâneas, mas isso ficou para trás


3 de maio de 2022 - 15h12

Com técnica chamada de “aprendizado por reforço”, empresa de pesquisa da IA,  a OpenAI, lançou neste ano uma nova versão do algoritmo GPT-3, o InstructGPT, modelo que comete menos erros e usa linguagem mais polida (Crédito: Reprodução)

Durante o SXSW desse ano, pude acompanhar novas tendências e notei que, com o avançado da tecnologia e o processamento de dados cada vez mais veloz, a Inteligência Artificial vem sendo alimentada para reproduzir algumas capacidades humanas, como entender e reproduzir textos, imagens e áudios. Todo esse aprendizado se dá através do consumo de datasets gigantescos.

O GPT-3, por exemplo, que é o modelo de linguagem da OpenAI, foi treinado a partir de milhares de textos e livros, sendo a maior parte retirados da web, com cerca de 175 bilhões de parâmetros, produzidos por nós, seres humanos, no exercício natural da nossa própria existência. Porém, como sabemos, ainda temos muitos problemas a serem resolvidos com relação ao filtro do conteúdo, que acaba abarcando materiais carregados de informações preconceituosas de todos os tipos, linguagem tóxica e violenta, além da fake news que assola nossa sociedade.

E agora? Como vamos criar uma IA livre dos nossos maiores problemas humanos? E mais: como a Inteligência Artificial pode colaborar para o futuro da educação no país?

Eu acredito que a essência humana é fazer o bem e evoluir sempre, todo o resto que destoa disso, são apenas falhas em um sistema ainda em evolução. E é exatamente nesse ponto que reside a beleza da tecnologia, cada desafio encontrado vira uma história no backlog para o desenvolvimento de uma versão ainda melhor.

A IA está aprendendo a ser humana, mas com a supervisão de outra IA para não ser tão humana assim.

O time da OpenAI lançou este ano uma nova versão do GPT-3, uma versão um pouco mais educada eu diria, o InstructGPT. Nesta versão, o modelo comete menos erros, usa uma linguagem menos tóxica. Para chegar nesse novo modelo, a equipe utilizou uma técnica existente chamada de aprendizado por reforço, com feedback humano (RLHF).

Basicamente, um time de humanos passou a classificar o resultado exibido pelo modelo e quando esse resultado tinha algum erro ou desvio, eles recebiam uma baixa classificação. Nos momentos em que as respostas tinham um maior alinhamento com a intenção central, recebiam uma pontuação mais alta. Todo esse processo de classificação foi utilizado como recompensa para construir um algoritmo de aprendizado por reforço, e este algoritmo treinou o InstructGPT. Isso mesmo, um algoritmo ensinando o outro!

Para ampliar nossas capacidades humanas a IA precisa ser multitarefa

É verdade que até pouco tempo tínhamos IA super treinadas para conseguir realizar coisas especificas, como entender e escrever textos, entender e criar imagens ou até mesmo compreender e criar áudios, mas ainda não tínhamos uma Inteligência Artificial que pudesse ter duas ou mais capacidades ao mesmo tempo. Mas, isso ficou para trás.

No início deste ano, o time da META anunciou um novo algoritmo de aprendizado, auto supervisionado e de alto desempenho, que funciona para múltiplas capacidades, superando inclusive os melhores algoritmos de propósito único anteriores, o Data2vec, que além de ser multitarefa, aprende por perspectivas diferentes e sem a necessidade de refinamentos com dados tratados. Uma grande evolução, tanto no sentido de ser a primeira versão de uma IA mais generalista, quanto na possibilidade de escalar o treinamento de novos modelos.

Segundo o artigo publicado no blog da META “a auto supervisão permite que os computadores aprendam sobre o mundo apenas observando-o e, em seguida, descobrindo a estrutura de imagens, fala ou texto. Ter máquinas que não precisam ser ensinadas explicitamente a classificar imagens ou entender a linguagem falada é simplesmente muito mais escalável.”

Agora que temos em mente um pouco de contexto das últimas atualizações desse mundo incrível que está sendo construído, vamos experimentar projetar o futuro da educação utilizando essa lente, que se bem administrada pode acelerar o processo de aprendizado humano em escala.

Educação no estado da arte da personalização

Com sistemas de IA sendo capazes de aprender rapidamente sobre determinados assuntos, e assim reproduzirem esses aprendizados por meio de fala, escrita e imagens, podemos ter professores virtuais sendo criados com as características especificas para atender as necessidades de cada aluno. Para dar um exemplo: se você confia mais no jeito “nerd de ser” quando o assunto é ciências exatas, o avatar do seu professor de matemática vai ter todas estas características para acelerar o seu processo de aprendizado. E aqui não estou falando sobre o avatar do estilo Minecraft, não! É algo tão real, que seria quase impossível um humano distinguir se está falando com um avatar ou com alguém realmente de carne e osso!

Ainda sobre personalização em escala do ensino, por meio de múltiplos professores adaptados aos gostos de cada aluno, também será possível que esse professor utilize diferentes técnicas de aprendizado de acordo a necessidade do seu aluno. Recursos como esses também podem ampliar a capacidade dos professores reais na gestão atual do aprendizado de suas turmas.

Professores reais poderiam treinar seus próprios gêmeos digitais. Sistemas de recomendação combinam a próxima matéria a ser aprendida com base no desempenho alcançado nas matérias anteriores, aumentando o engajamento do aluno com o conteúdo.

Inteligência Artificial pode se tornar nosso motor de autodesenvolvimento

Após aprender a se auto supervisionar a IA pode estar presente em todo lugar no mundo digital e nos ajudar a combater ou bloquear comportamentos preconceituosos, violentos e até mesmo a disseminação de informações falsas.

A Inteligência Artificial é uma peça fundamental na construção de um mundo melhor para todos, mas para que essa mesma tecnologia seja utilizada adequadamente, primeiro precisamos levar a educação mais longe, só ela será capaz de reduzir toda essa desigualdade social que estamos vivendo. O filósofo grego Pitágoras estava certo quando escreveu “educai as crianças e não será preciso punir os homens”, porque o único caminho possível é a educação.

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