Já pensou em como incluir a audiência feminina no consumo de esportes?

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Opinião

Já pensou em como incluir a audiência feminina no consumo de esportes?

O ciclo de Copa do Mundo é a cada 4 anos, mas é crucial aproveitarmos o debate sobre a inclusão da mulher no momento do maior evento esportivo do mundo


9 de maio de 2022 - 15h50

Já parou para pensar que quando falamos em consumo de esportes, especialmente de futebol, imediatamente ligamos o tema ao público masculino? É inegável que a audiência de esportes ainda é, em sua maior parte, masculina, mas essa é uma realidade em transformação.

O fato ao qual muitos não se atentam, no entanto, é que a forma de consumo do público feminino é diferente. Isso não significa que a mulher não consuma esportes.

Vamos aqui a alguns fatos: mulheres são responsáveis, por exemplo, por 45% da audiência da Copa do Mundo. E, aí, você vai me falar: “Tá bem, Vanessa, mas até minha avó assiste à Copa do Mundo…”.  Sim, e é exatamente esse o ponto. Mulheres são muito relevantes na audiência de Copa do Mundo porque se sentem incluídas. No período de Copa, os assuntos vão além da discussão da escalação e do nível técnico dos times. É claro que, cada vez mais, as mulheres entendem e conhecem profundamente o esporte o ano todo, mas a Copa do Mundo é um acontecimento em que entram diversos outros fatores como eventos sociais, curiosidades, estilos dos jogadores, vida fora dos campos… enfim, os debates e as análises vão continuar existindo e são de extrema relevância, podendo ser consumidos por quem quiser. Mas o fato é que a audiência feminina se sente mais incluída no campeonato.

Falando sobre inclusão, na Copa do Mundo de 2018, mulheres iranianas puderam pela primeira vez ir ao estádio assistir a uma partida de futebol. Isso porque em seu país elas são proibidas de frequentarem os jogos, restritos ao público masculino. No mundial desse ano, já temos mais um exemplo da participação feminina: pela primeira vez, uma mulher vai narrar alguns jogos. Mais uma maneira de trazer a audiência feminina para cada vez mais perto do esporte.

Mas um exemplo recente que me chamou a atenção foi a presença feminina entre os seguidores do TikTok da GOAL. Eu explico: Nas plataformas da GOAL.com, temos uma audiência majoritariamente masculina, mas no TikTok há um equilíbrio maior, de 60% homens e 40% mulheres.

O fato provavelmente está ligado à linguagem que usamos na plataforma: falamos, sim, de futebol, sobre o que é relevante no momento, assuntos que estão bombando, resultados e jogos, mas de maneira muito mais leve e descontraída. O resultado? Maior presença feminina.

Mais um fator que merece ser notado é o aumento da presença feminina nos estádios. A torcida única e a restrição do consumo de bebidas alcoólicas criaram um ambiente muito mais seguro nos jogos, mais atrativo para as mulheres.

O que nos prova o ponto de que a forma com que a mulher consome informação esportiva é, sim, diferente. Não é prioritariamente sobre as hard news, mas, sim, sobre o ambiente do esporte. E, pensando também nisso, criamos na Footballco um perfil dedicado à audiência feminina, o INDIVISA. O perfil tem como objetivo incentivar a mulher a apoiar e acompanhar o futebol feminino, criando uma porta de entrada da audiência feminina no universo dos esportes.

Em um momento de sociedade em que falamos tanto na equidade de gênero, limitar o discurso para “esporte é um território masculino” é contribuir ainda mais para a segregação de gênero. No lugar dessa ideia fixa construída ao longo de tantos anos, proponho às marcas uma reflexão rumo a uma iniciativa diferente: que tal ao invés de tratar o esporte como um espaço exclusivamente para homens, criar formas de fazer com que a mulher se sinta cada vez mais incluída?

As marcas são uma ferramenta muito poderosa de inclusão, seja pelo poder de influência que exercem como pelo investimento que são capazes de aportar para executar ações nesse sentido. Ainda mais em uma era que a audiência tem voz e se expressa em velocidade recorde.

O ciclo de Copa do Mundo é a cada 4 anos, mas é crucial aproveitarmos o debate sobre a inclusão da mulher no momento do maior evento esportivo do mundo para buscar a equidade, acolher e dar de vez as boas-vindas à audiência feminina no esporte.

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