Opinião

Patrocínio de projetos incentivados como estratégia de valor para sua marca

O apoio a iniciativas socioambientais deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade estratégica

Sérgio Lopes

Sócio-diretor da Conteúdos Diversos 21 de fevereiro de 2025 - 6h00

Em um cenário onde sustentabilidade e responsabilidade socioambiental estão no centro das estratégias corporativas, surge uma questão fundamental: patrocinar projetos culturais e ambientais gera retorno tangível para as marcas? Dados do mercado e experiências comprovam que sim – e os benefícios vão muito além do aspecto financeiro.

O apoio a iniciativas socioambientais deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade estratégica. Segundo a Nielsen, 73% dos consumidores globais mudariam hábitos para reduzir seu impacto ambiental. Já o Edelman Trust Barometer aponta que 86% dos consumidores esperam ações concretas das marcas para resolver questões sociais e ambientais e 64% escolhem empresas com base nesse critério.

Investir em projetos alinhados aos valores do público-alvo fortalece a reputação, gera engajamento e cria conexões emocionais duradouras. Um estudo da PwC indica que marcas com propósito social bem definido podem ampliar seu valor de mercado em até 175% ao longo de 12 anos.

Em um mercado saturado, onde diferenciação é essencial, o alinhamento com pautas relevantes não só impulsiona a imagem corporativa, como se torna um dos principais ativos de marca.

Além do impacto positivo, os projetos incentivados oferecem benefícios fiscais concretos. Empresas tributadas pelo Lucro Real podem deduzir até 4% do Imposto de Renda devido ao investimento, tornando essa estratégia de alto impacto e baixo custo.

Na publicidade, o público identifica o discurso da marca como um esforço de venda e quando falamos de alinhar sua mensagem aos valores mais profundos de seus consumidores, o entretenimento audiovisual produzido como manifestação artística e cultural, tem o poder de conquistar a confiança fortalecendo a conexão com a marca.

Não é uma ‘escolha de Sofia’ entre uma publicidade que comunica boas práticas ESG e documentários ou séries para TV sobre sustentabilidade. O primeiro usa verba de marketing, enquanto o segundo conta com incentivo fiscal, permitindo uma estratégia complementar, atingindo o público em momentos distintos e ampliando o impacto.

Outro benefício é que o patrocínio de projetos culturais e ambientais pode ser incorporado aos relatórios de sustentabilidade, reforçando a estratégia ESG da empresa. Quando esse conteúdo é adaptado para outras mídias, como livros, criamos um verdadeiro “ROI Verde”, no qual o investimento em causas socioambientais fortalece a marca e atrai consumidores.

Um exemplo dessa estratégia é o documentário “Cultura do Desperdício – Por uma Sociedade Mais Consciente” (2017), realizado em parceria com a ONG Banco de Alimentos e patrocinado pelo Rabobank Brasil. Exibido na TV Cultura, canais Globosat e eventos como a Virada Sustentável, o projeto disseminou conhecimento sobre desperdício de alimentos e práticas sustentáveis na cadeia agrícola, do plantio ao consumidor. Além disso, seu conteúdo foi transformado em livro digital e impresso, lançado no Instituto Europeo di Design e apresentado no programa Repórter ECO – TV Cultura.

A combinação de posicionamento estratégico, engajamento social e incentivo fiscal trabalhados como arte e cultura, cria um ciclo virtuoso onde a marca se fortalece e gera impacto positivo real – tanto para o seu público quanto para a sociedade.