GenAI no SXSW: “Pessimismo é fácil, otimismo requer ação”
O que torna SXSW especial, na minha opinião, é a formatação de uma agenda que explora diferentes perspectivas para um mesmo tema
O que torna SXSW especial, na minha opinião, é a formatação de uma agenda que explora diferentes perspectivas para um mesmo tema
14 de março de 2025 - 12h15
Meu principal objetivo no SXSW desse ano tem sido explorar as diferentes discussões sobre as possibilidades e impactos da IA generativa nos negócios e na sociedade como um todo.
Meu resumo nesses dias iniciais do festival é que a maioria concorda em dois pontos.
1. A tecnologia tem enorme potencial de transformação e geração de valor para muitos setores da economia, porém…
2. … estamos no início de uma revolução que deve se estender por muitos anos à frente, e ainda existem muitas perguntas sem respostas.
Uma excelente analogia sobre o segundo ponto foi feita pelo Steve Vassalo, General Partner da Foundation Capital: “No início do cinema, os filmes eram literalmente peças de teatro gravadas por uma câmera estática, capturando a ação no palco em película. Com o tempo, os profissionais foram explorando novas possibilidades e incluíram trilhas sonoras, locações diferentes e movimentos de câmera, como o close. Então, quando falamos de IA generativa, provavelmente ainda estamos na fase do cinema mudo, considerando a maturidade dos casos de uso de hoje, que basicamente automatizam processos existentes”.
Esse ponto de vista pode ser reforçado ao analisarmos a amostragem das startups finalistas do tradicional SXSW Pitch, plataforma do evento onde empreendedores apresentam suas soluções a investidores e ao público em geral.
Parte relevante das startups que eu vi elevaram a combinação de robótica com IA a um novo patamar, viabilizando a automação de tarefas como: retirada de detritos de pistas de pouso e decolagem de aviões, ou robôs que descarregam contêineres em portos, repõem estoques em supermercados ou ajudam as pessoas a se maquiar melhor.
Outro exemplo muito interessante é o da startup Wubble.ai, que cria músicas novas a partir de apenas um prompt na IA generativa. Segundo o empreendedor, sua solução democratiza o acesso a música para uso em um estabelecimento comercial pequeno, por exemplo.
Todas essas aplicações têm casos de uso reais e automatizam tarefas perigosas e/ou repetitivas mas, seguindo a analogia do Steve Vassalo, “apenas” replicam processos que já são executados por seres humanos.
Será esse o real impacto da IA generativa? Nesse momento vale a reflexão colocada pelo John Hagel, CEO da Beyond Our Edge: o foco da sociedade não deveria ser apenas aumentar a eficiência em processos e distribuir conhecimento existentes, mas sim aplicar a nova tecnologia para acelerar a criação de novos conteúdos e modelos de negócio. A aposta de Hagel é que a maturação da IA poderá reduzir muito o tempo de aprendizado das pessoas e que, nesse sentido, não deveríamos nos limitar a distribuir melhor o conhecimento já existente.
O que torna SXSW especial, na minha opinião, é a formatação de uma agenda que explora diferentes perspectivas para um mesmo tema. Em uma sala você encontra um entusiasta sobre as novas possibilidades, enquanto em outra há um crítico sobre o uso ético e responsável da tecnologia. O que é certo é que estamos no início de (mais uma) era de grandes mudanças nos negócios e na sociedade.
Nesse momento de grandes incertezas, não só na tecnologia, mas na política e na economia, é muito fácil ser tomado pelo pessimismo sobre as possíveis repercussões negativas das transformações, e das quais, às vezes, nos sentimos passageiros, sem ação. Aí vale o insight da Sam Jordan, da Future Today Strategy Group: “Pessimismo é fácil, otimismo requer ação. E ação só é possível com uma visão de um futuro melhor”.
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