Dos painéis ao patrocínio: a presença brasileira no SXSW 2023
Além de o Brasil ter a maior delegação estrangeira no festival até o momento, tem também representante entre os patrocinadores máster, painelistas e júri
Além de o Brasil ter a maior delegação estrangeira no festival até o momento, tem também representante entre os patrocinadores máster, painelistas e júri
Amanda Schnaider
8 de março de 2023 - 11h15
Desde 2016, a presença brasileira no South by Southwest é sempre muito expressiva. Em 2019, inclusive, o Brasil teve a maior delegação estrangeira credenciada para o evento. Na época, cerca de 1.600 brasileiros estiveram no festival. Com a volta do SXSW presencial, em 2022, após a flexibilização das medidas de restrições da pandemia, a delegação brasileira perdeu o seu posto de maior de fora dos Estados Unidos.
Apesar disso, poucos dias antes do início do South by Southwest 2023, o número de brasileiros no festival já se iguala ao de 2019. Segundo Tracy Mann, responsável pela área de desenvolvimento de negócios internacionais para o Brasil do SXSW, o País é a maior delegação estrangeira deste ano até o momento. “É muito forte a diferença para o Reino Unido, que é o segundo. A diferença são 500 ingressos”, salienta.
Além de ter uma integrante brasileira no júri, o festival também levou o Brasil para os palcos de suas palestras. Ao todo, o SXSW 2023 terá 22 painéis com brasileiros e cinco mentores do País. Paula Englert, CEO da Box1824, por exemplo, conduzirá o painel “How to Decode Culture to Build a Better Future” (Como decodificar a cultura para construir um futuro melhor), ao lado de Patricia Muratori, diretora do YouTube Brasil, e de Talita Andrade, head de comunicação de Michelob Ultra.
Carla Tieppo, doutora em Ciências com ênfase em Neuropsicofarmacologia pela USP e faculty da Singularity University Brazil, também estará à frente de um painel no South by Southwest este ano. O “Paris Olympic Games, a Neuroscience Experiment” (Jogos Olímpicos de Paris, um experimento de neurociência), como o nome diz, será um experimento de neurociência, que medirá o engajamento das pessoas em um evento no momento em que estão participando dele, para conseguir avaliar se ações com a audiência estão sendo realmente efetivas.
Para isso, a doutora levará para a sua palestra pulseiras nas quais os resultados de dados biológicos, como pressão arterial, frequência cardíaca, sudorese da pele, modificação do fluxo sanguíneo na face, leitura de expressão facial, serão lidos por um software, desenvolvido pela equipe do Dr. Paul Zack, neurocientista americano, que estuda que tipo de experiência engaja as pessoas.
O experimento começará na plateia do SXSW, mas a ideia é escalá-lo para os Jogos Olímpicos de Paris, que acontecerão em 2024. Isso porque, segundo a pesquisadora, a Olimpíada de Paris terá dois grandes desafios: incluir o parisiense nos Jogos e conectar o turista com os próprios parisienses.
O SXSW também contará com outros nomes de peso em seus palcos, como a influenciadora e dona do canal Me Poupe!, Nathalia Arcuri; o CEO da Hotmart, João Pedro Resende; o CEO da Gerando Falcões, Edu Lyra; o líder global de responsabilidade social da Gerdau, Paulo Boneff; a head de tecnologia da Unico, Yasodara Cordova; o Secretário-Geral de Governo de Goiás, Adriano da Rocha; o presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Sidney Klajner; Bruno Senna, automobilista e sobrinho de Ayrton Senna; e o Co-CEO, Eve Air Mobility, André Stein.
Paula Englert, CEO da Box1824, entende que o festival quer ter mais palestrantes brasileiros, porque está buscando cada vez mais diversidade cultural em sua programação, assim como pela relevância do País. “O Brasil é um país imenso, está entre as 20 maiores economias do mundo, é um país com poder de consumo imenso. Então, não dá para desconsiderar uma economia desse tamanho. Também nascem muitas inovações daqui”.
Por outro lado, ainda há diversas barreiras que impedem uma maior participação de brasileiros nos painéis. A principal delas é o inglês, na visão de Marcel Ribas, learning consultant do Google, que mora em Austin há 17 anos e vai ao SXSW desde 2006. “Apesar de muitos brasileiros se virarem bem ao viajar, poucos são os líderes brasileiros que conseguem fazer uma apresentação engajante em inglês. Isso nos prejudica muito ao participar da seleção do festival”.
Outra barreira é a financeira. O South by Southwest continua sendo um evento inacessível financeiramente à maioria da população brasileira — a credencial deste ano é a mais cara que já existiu, são quase US$ 2 mil. O próprio Ribas não irá ao evento este ano por motivos financeiros. “Mesmo para nós que vivemos aqui, uma credencial é muito cara”. Por outro lado, o learning consultant do Google, destaca que o lado bom do festival é que muita coisa importante acontece fora das salas de conferência.
Com o objetivo de democratizar o mar de conteúdo discutido no evento, o Itaú entrou como um dos patrocinadores máster. O patrocínio envolve três movimentos: ativações diretamente em Austin; repercussão online do que estiver acontecendo lá; e conteúdos pós-evento, com curadoria e análise de profissionais ligados ao banco sobre o que foi falado durante o festival.
O superintendente de marketing institucional do Itaú, Renato Haramura, explica que o principal propósito do banco ao investir no evento é levar e democratizar a informação criada e discutida nele para os brasileiros. “Não estamos patrocinando o evento, estamos patrocinando essa ebulição de ideias e tendências inovadoras que acontecem ali e democratizar isso e trazer para cá, para todo mundo”. O contrato de patrocínio prevê múltiplos anos, mas, segundo Haramura, o banco ainda está encarando este como um ano teste de sua participação.
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