Os aprendizados das lideranças femininas em 2023
Helena Bertho, do Nubank, Ana Coutinho, da Galeria e Chieko Aoki, da Blue Tree Hotels compartilham os aprendizados que levam para o próximo ano
Os aprendizados das lideranças femininas em 2023
BuscarHelena Bertho, do Nubank, Ana Coutinho, da Galeria e Chieko Aoki, da Blue Tree Hotels compartilham os aprendizados que levam para o próximo ano
Lidia Capitani
22 de dezembro de 2023 - 13h32
Liderar uma empresa está cada vez mais complexo. A cada ano surgem novas demandas, mudanças de cenários sociais, econômicos e políticos, tecnologias que avançam e se transformam numa velocidade nunca vista. Estamos nos adaptando a um mundo pós-pandemia, onde as engrenagens finalmente voltam a girar.
Perguntamos para quatro mulheres líderes de diferentes setores sobre os aprendizados que levam de 2023 e a avaliação foi unânime. “2023 foi desafiador em muitas camadas, mas, ao mesmo tempo, estamos fechando o ano celebrando conquistas importantes”, reflete Helena Bertho, diretora global de diversidade e inclusão do Nubank. “Em um cenário de constantes mudanças, ter a habilidade de fazer boas leituras rápidas de cenário e promover as mudanças necessárias é fundamental para qualquer liderança”, aconselha.
O que a pandemia deixou de legado para esse novo cenário foram os novos formatos de trabalho, como o home office e o híbrido. Para Ana Coutinho, VP de business e partner da agência Galeria, um dos grandes desafios foi o amadurecimento do sistema híbrido. “Enfrentamos questões como a união dos times, integração, motivação e o estabelecimento eficiente de métodos, rotinas e uso de ferramentas”, afirma.
Já o Nubank implementou um novo cronograma para equilibrar o trabalho presencial e o remoto. “Temos um modelo híbrido de trabalho, o ‘Nu Way of Working’, no qual nossos times trabalham, em média, sete semanas remotamente e uma semana no escritório”, explica Helena Bertho.
Nesse cenário, o desafio do ano foi fortalecer a cultura organizacional. “Por isso, manter a comunicação e a escuta aberta, nítida e constante, focar no growth mindset, reforçar a estratégia e fomentar a capacidade do time de inovar e se adaptar a mudanças nos ajudaram a superar os resultados que buscávamos”, diz a executiva.
Para Chieko Aoki, presidente do grupo Blue Tree Hotels, a cultura da empresa foi o foco de 2023. “Essa fase contribuiu para deixar o coronavírus para trás, energizando todos no engajamento proativo, especialmente nas interações entre as pessoas. Ficou claro que a cultura e a crença da empresa, principalmente nos aspectos humanos, devem ser continuamente aprimoradas e praticadas nos momentos desafiadores. Nesses períodos, a cultura e os valores são alicerces para a recuperação”, reflete a empresária.
O mesmo ocorreu para Ana Coutinho. “A Galeria é uma agência muito nova, e estamos em plena construção e consolidação da nossa cultura e da nossa forma de trabalhar. E isso traz um desafio diário: a construção com os times, essa reverberação e assimilação da nossa cultura, além da integração entre as equipes que já estavam com a gente e todos que chegaram ao longo do ano”, diz.
A adaptação do Nubank ao “Nu Way of Work” também fez parte de um processo de reforço da cultura organizacional, que prioriza a diversidade e inclusão. “Nós entendemos que, ao valorizarmos e integrarmos diferentes vivências, estamos ampliando nossa capacidade de inovação e criatividade em todos os processos da empresa, gerando impacto positivo na vida dos nossos mais de 90 milhões de clientes”, afirma Helena.
A construção de uma equipe diversa, para a executiva, não pára apenas na representatividade. “Um ponto essencial é atuar na construção de times plurais que se sentem integrados e seguros para trazerem suas contribuições, com capacidade de colaboração. Inclusive, ‘colaboração’ é uma palavra que levo de 2023”, continua.
Na busca pela consolidação da cultura dessas empresas, duas palavras estiveram presentes no discurso das executivas: confiança e autonomia. Para Ana Coutinho, a maior lição de 2023 foi enxergar cada colaborador em suas características particulares.
“Para se conseguir engajar, motivar e estabelecer um relacionamento de confiança, com trocas mais ricas, é preciso entender que cada pessoa lida de um jeito com pressão, com desafios, até com elogios, e ter esse olhar individual faz com que você consiga obter o melhor de cada um”, afirma a VP.
Helena Bertho também reforça a necessidade do olhar individualizado como um dos grandes aprendizados. Para ela, aliar as aspirações pessoais aos objetivos da organização é um dos fatores de sucesso. Outro ponto que leva para o próximo ano é a confirmação de que times plurais e com autonomia geram maior engajamento e inovação. Afinal, para construir uma equipe que “desafia o status quo”, como costuma dizer, é preciso ter conflito de ideias. “A inovação não nasce do consenso”, reforça.
Chieko Aoki ainda complementa: segundo a executiva, para dar autonomia e confiar em sua equipe, a liderança precisa se conhecer primeiro. “É importante compreender as diferenças das equipes, começando por se conhecer em suas fortalezas e fraquezas, além de entender o outro também nessa dimensão e trabalhar para alcançar equilíbrio, complementação e melhores resultados”, reflete.
Outro ponto importante para a presidente é a presença no cotidiano. “É crucial estar junto da equipe, interagindo com maior frequência e incorporando o convívio como rotina, delegando responsabilidades, dando apoio e fortalecendo a capacidade de tomar decisões”, afirma Chieko.
Para Helena Bertho, uma boa liderança é aquela que se mostra humana e capaz de reconhecer as múltiplas realidades que sua equipe vive. Demonstrar empatia, apoiar e entender que cada vivência traz consigo suas virtudes e desafios são habilidades importantes para a construção de uma liderança humana. Além disso, reconhecer o valor da sua própria jornada também é fundamental.
“Tenho os desafios que muitas outras líderes e executivas no mercado tem: sou uma mulher, mãe, conciliando a agenda de liderar um time global, em uma empresa de tecnologia e finanças de crescimento exponencial, equilibrando a vida para estar com a minha filha e minha família”, diz Helena.
O novo desafio, para Ana Coutinho, agora será ouvir e adaptar-se aos mais jovens no ambiente de trabalho. “As novas gerações trazem para a mesa novas maneiras de pensar, outros tipos de desejos e enxergam o sucesso de forma diferente. Isso pede uma proximidade grande e uma escuta muito atenta para entender esses novos pensamentos, que para nós não são óbvios, mas fazem uma diferença brutal na hora de liderar, construir e especialmente inspirar”, reflete.
Já para Chieko Aoki, liderança significa mais responsabilidade não apenas com seu time, mas com o “microcosmo” das empresas. “Aprendemos que o mundo e seus líderes estão, de alguma forma, conectados conosco, e devemos nos conscientizar de que também influenciamos os outros lugares de maneira positiva ou negativa, dependendo de nossas decisões”, avalia.
Na mesma linha, Helena Bertho reforça a importância do impacto positivo e do propósito da empresa para o próximo ano. “Levo para 2024 que a paixão por uma cultura de mudanças é essencial, e que, para mim e para muitas pessoas, ter um propósito e a oportunidade de causar impacto é um motivador.”
A executiva de diversidade avalia 2023 com um saldo positivo, apesar dos desafios. “Ser líder continua sendo um privilégio de aprendizado contínuo. Inovação não é apenas tecnologia. É cultura, e não existe nada mais inovador do que o ser humano.”
Compartilhe
Veja também
Como as mulheres estão moldando o mercado dos games
Lideranças femininas de diferentes players falam sobre suas trajetórias profissionais na indústria
Como Rita Lobo fez do Panelinha um negócio multiplataforma
Prestes a completar 25 anos à frente do projeto e com nova ação no TikTok, a chef, autora e empresária revela os desafios de levar comida de verdade dos livros de receitas para outros espaços