A segunda vez a gente nunca esquece

16 de junho de 2017 - 8h51

Há alguns anos, eu estudei fora. Sem emprego e com dinheiro contado, eu não viajava muito. Até que descobri que ia rolar uma greve ferroviária na França na semana do Cannes Lions. Durante essas greves, ainda têm trens circulando. Quase nenhum. Mas todos de graça. Resumindo a história: consegui chegar em Cannes sem gastar um centavo. Claro que não tive a mesma sorte lá no festival.

Se não tinha grana pra chegar lá, imagina pra pensar em chegar perto do Palais. A frustração foi grande quando descobri que não podia colocar o pé na areia. Assisti de longe junto com a Camila, minha primeira dupla, do lado de fora de uma fita vermelha o que desse pra enxergar de lá de dentro. Os chefes, as festas e, de vez em quando, alguns amigos no horizonte dando tchauzinho. A energia era ótima, mas não era minha festa.

Até tentei entrar de penetra em algum lugar. Nem no quiosque de brindes eu consegui. Enquanto almoçava no único Kebab da cidade, ficou claro que só passaria perto de lá de novo com um crachá. Acabei indo embora na mesma tarde. Falei pro cara do Kebab que um dia eu voltaria. Acho que ele não falava inglês.

Agora, parece que tô indo de verdade. Dessa vez, pra ouvir gente legal, conhecer um pouco do resto do mundo, quem sabe ganhar alguma coisa e, finalmente, pisar na areia. Vai ser legal. No meu caso, a segunda vez a gente nunca esquece.