12 de junho de 2017 - 11h46
Esse ano é a primeira vez que vou pra Cannes.
Ir ao festival já foi um grande sonho, ainda quando estudante de Propaganda na faculdade. Mas confesso que com o passar dos anos fui perdendo o interesse.
O que me broxou não foi o festival em si ou uma curiosidade pelo seu concorrente hypado do Texas, que vem brigando pelo share of walet dos publicitários tupiniquins. Mas foi perceber a relação pouco saudável que muitas agências e principalmente profissionais nutrem com a premiação.
Durante uma semana paramos para assistir às ideias mais poderosas produzidas no mundo, que muito podem ensinar e inspirar o trabalho que fazemos no dia a dia. As maiores cabeças de nossa indústria se reúnem e discutem o futuro do nosso negócio e isso é transmitido para quem quiser ver. E mesmo com tudo isso, nos corredores das agências em Terra Brasilis as conversas muitas vezes ainda são sobre o número de leões.
Poucas vezes eu vi a turma que acompanhava pela internet de dedos cruzados sair os shortlists, discutir o que estava por traz das ideias – premiadas ou não – ou como elas poderiam contaminar o trabalho que fazemos para os nossos clientes.
Para mim é um problema perceber que para muitos o principal aprendizado do Festival de Cannes são truques de como podemos desempenhar melhor no ano seguinte. E assim fui perdendo o interesse de participar da maior festa da publicidade mundial.
Mas aos poucos percebi que essa “decepção” era um típico caso de adolescência profissional. Independentemente das intenções por trás dos corações criativos por aí, a máquina do Festival de Cannes ainda é o motor das grandes ideias do nosso mercado.
E se tem gente fechando os olhos para tudo que podemos aprender nesses 8 dias e para o que devemos começar a aplicar no próximo job ali da esquina, isso é problema deles.
Embarco para França na semana que vem de coração aberto. Na esperança de me reconectar com a magia do Festival de Cannes. Pois tenho certeza que ele ainda tem muito valor e que voltarei de lá um publicitário melhor.
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