Uma brisa de sensibilidade
Os ventos que sopram por aqui, além de refrescar o calor, sinalizam a busca global por deixar este mundo um pouco melhor do que o mundo que encontramos
Os ventos que sopram por aqui, além de refrescar o calor, sinalizam a busca global por deixar este mundo um pouco melhor do que o mundo que encontramos
20 de junho de 2018 - 17h45
O Cannes Lions está mais humano. Os ventos que sopram por aqui, além de refrescar o calor, sinalizam a busca global por deixar este mundo um pouco melhor do que o mundo que encontramos. É bom saber que essa conversa não está só nas mãos do Donald Trump.
O assunto não são só as marcas, seus produtos e suas campanhas, mas como elas interagem com as pessoas, a sociedade e seus propósitos. Deixou de ser conversa só do CMO e está na mesa do CEO e dos outros Cs, o que é ótimo. Vivemos num mundo capitalista e o mercado de comunicação se posiciona muito próximo das grandes lideranças, dessa forma pode motivar as marcas a colaborar com essa escalada humana. Um movimento que já vem acontecendo há muito anos, mas que este festival vem deixando bastante evidente se tratar de um caminho sem volta, por suas palestras, pelos cases premiados e pelas conversas de corredor.
Outro ponto importante é o que o mercado vem fazendo para melhorar seu próprio universo. Mudar o mundo é uma tarefa muito ambiciosa e complexa, e não vai acontecer se não mudarmos, no mínimo, o ambiente em que trabalhamos. Nesse território, muitas palestras sobre diversidade de gênero, sobre o que as empresas vêm fazendo para as minorias, os portadores de necessidades especiais, as questões sociais e o futuro do trabalho humano com a chegada dos robôs. Parece que o Glass Lions tem um caquinho em cada categoria.
Acabei de assistir ao bate-papo com a Angela Ahrendts, Senior Vice-President Retail da Apple. As palavras dela só reforçaram o que eu tinha em mente e realmente me conduziram a escrever o que estou escrevendo agora. Apenas para posicionarmos a importância da Angela, é ela que manda na maneira como as pessoas têm acesso aos produtos da Apple, uma das mais valiosas empresas do mundo. Sem dúvida, o que ela faz e diz tem impacto global.
Fiquei impressionado com uma pessoa que poderia ser totalmente “data driven”, devido à posição e à empresa onde trabalha, ser tão “human driven”. Primeiro ela afirma com categoria: “Creativity is not driven by data”.
Obrigado, Angela. Dados nos ajudam a enxergar o que já aconteceu, e a criatividade é que nos dá a capacidade de desenhar o futuro. A tecnologia é o meio e não o fim. Isso é muito humano.
O olhar humano da Apple para suas lojas físicas é inspirador, desde o desenho das lojas, integrado com o ambiente onde estão inseridas, até as experiências que acontecem nelas. Segundo Angela, “a loja é o hardware e o que acontece lá é o software.”
Eu sei que o dia a dia não é tão romântico e não tem preocupações tão nobres, mas é um discurso cada vez mais forte e mais presente. Mudança é um processo em que estamos sempre no início.
Angela termina sua participação lembrando o que Tim Cook sempre diz pra eles nas reuniões: “We should work to leave the world better than we found it.”
Mensagens como essa, vindo de uma empresa desse porte, não são apenas uma brisa, são um vendaval de sensibilidade.
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