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Opinião

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Festival Internacional de Criatividade chega à septuagésima edição mantendo o poder de mudar reputações criativas e o posto de principal encontro global de lideranças de marketing, publicidade, mídia e tecnologia


13 de junho de 2023 - 15h00

Painelistas Cannes Lions

Parte da história do festival será relembrada em diversos momentos da 70ª edição do Cannes Lions (Crédito: Celina Filgueiras)

O Festival Internacional de Criatividade de Cannes, que realiza, entre os dias 19 e 23, no sul da França, a sua 70ª edição, em nada se parece com o encontro de dirigentes de empresas exibidoras de publicidade em cinema promovido em setembro de 1954 em Veneza, na Itália, ponto inicial do que é hoje o Cannes Lions. A ideia de reunir e premiar os filmes publicitários, inspirada no Festival de Cinema de Cannes, criado uma década antes, em 1946, foi dos exibidores líderes da Screen Advertising World Association (Sawa), entidade que foi a primeira organizadora do Cannes Lions.

Uma das características totalmente alteradas de lá para cá é a do propósito econômico do evento, nascido — acreditem — sem fins lucrativos, modelo que manteve por mais de 30 anos. A trajetória, até se tornar o meganegócio que é hoje, tem dois pontos de inflexão principais. Em 1985, um ano depois de Cannes se tornar sede fixa, colocando ponto final na alternância com Veneza, e quando o festival já tinha conquistado o respeito da comunidade criativa global, o empresário francês Roger Hatchuel assumiu a presidência da Sawa. Ciente do potencial comercial do evento e com visão empreendedora, ele deixou o cargo para fundar, ao final de 1986, a Batongrade, empresa destinada exclusivamente à organização do Festival, que firmou contrato com a Sawa. Em 2004, por cerca de US$ 80 milhões, o grupo inglês de mídia Emap (atual Ascential) comprou o Cannes Lions.

Dos 130 delegados participantes e 187 filmes rodados em 35 milímetros, enviados por 14 países, à primeira edição, para os cerca de 10 mil profissionais presentes e mais de 25 mil cases concorrentes de aproximadamente 90 países do ano passado, o evento firmou-se como principal encontro global para networking dos líderes de marketing, publicidade, mídia e tecnologia. Se para muitos criativos os principais atrativos ainda são os Leões, que continuam mudando de patamar as carreiras de muitos profissionais e a reputação de algumas agências, a maioria dos executivos que circula pelos corredores do Palais des Festivals e pelas atividades paralelas está mesmo é interessada em fazer negócios.

Parte da história do festival será relembrada em diversos momentos da 70ª edição do Cannes Lions, com exibição de cases marcantes e comentários de criativos neles envolvidos. Meio & Mensagem participa deste movimento de retrospectiva com a série de reportagens especiais Cannes 70, publicada no site dedicado ao evento (www.meioemensagem.com.br/cannes). Mas, além da comemoração histórica, a expectativa é a de que as conversas, debates e prêmios explorem temas da agenda atual, como as aplicações da inteligência artificial ao trabalho criativo; a demanda das empresas por diversidade, equidade e inclusão; e a crise climática — incluindo a possibilidade de novos protestos pacíficos de ativistas, como os realizados pelo Greenpeace no ano passado.

Apesar da data comemorativa, nos bastidores o que se prevê é uma edição um pouco menos eufórica do que a anterior, quando o evento voltou a ser realizado presencialmente, após o cancelamento de 2020 e a versão remota de 2021. Outro fato que impacta o ânimo festivo de Cannes é a onda de retração das plataformas digitais, que são hoje as principais financiadoras do festival e passaram os últimos meses fazendo cortes em suas equipes e sofrendo os efeitos do arrefecimento em suas projeções de faturamento publicitário.

Com a indústria crescendo em um ritmo mais lento e as restrições orçamentárias que diminuem o ímpeto das empresas enviarem profissionais à França, a maioria dos interessados nas discussões geradas pelos debates e prêmios irá acompanhar o festival à distância. Para responder a essa demanda, Meio & Mensagem realizará uma ampla cobertura multimídia, com seis profissionais enviados à Cannes e dedicados à produção de conteúdo para o site, onde serão publicadas as informações sobre os finalistas e vencedores nos 30 júris, o desempenho das agências, o resumo das palestras mais relevantes e o tradicional blog coletivo Diário de Cannes, que abre espaço para as opiniões dos brasileiros presentes no festival. Nas redes sociais, vídeos exclusivos e os melhores momentos de cada dia. E nas edições semanais, rankings, retrospectos históricos e a análise das principais tendências apontadas pelo festival.

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