Moldando o futuro com IA

13 de março de 2025 - 18h56

O evento SXSW 2025 tem apresentado uma visão instigante do futuro, fortemente influenciada pelo potencial transformador da inteligência artificial (IA). O festival se iniciou com uma discussão perspicaz de Kasley Killam sobre o papel crucial da conexão social em um mundo tecnologicamente avançado. Ele desafia a percepção da IA como uma força isolante, defendendo o seu uso para fortalecer as relações humanas. Esse tema também tem ressoado ao longo do evento, com diversos palestrantes enfatizando a importância do design centrado no ser humano no desenvolvimento da IA.

Os avanços rápidos na tecnologia foram destacados pela apresentação do MIT Technology Review sobre as 10 tecnologias inovadoras para 2025. Entre elas, a busca generativa por IA, que transforma significativamente a forma como acessamos informações; a maior eficiência e acessibilidade de modelos de linguagem menores; e o notável progresso na criação de robôs inteligentes e adaptáveis. Essas tendências demonstram a crescente integração da IA em nosso cotidiano, impulsionando debates sobre desenvolvimento responsável e implementação ética.

Um contraponto à visão predominantemente otimista do potencial da ferramenta vem do discurso de Meredith Whittaker, presidente do Signal, sobre segurança e privacidade online. Ela destaca as vulnerabilidades inerentes a muitas plataformas digitais e reforça o compromisso do Signal com a comunicação segura, enfatizando a necessidade de transparência e o controle do usuário sobre seus próprios dados. Essa perspectiva ressalta a importância crítica de equilibrar o progresso tecnológico com a proteção dos direitos e das liberdades individuais em um mundo cada vez mais digital.

Explorando ainda mais a natureza multifacetada das tecnologias emergentes, Amy Webb apresenta seu conceito de “inteligência viva”, enquanto a Disney exibe técnicas inovadoras de construção de mundos. Esses avanços, juntamente com progressos na robótica e na computação biológica, prometem remodelar diversos setores. Um painel sobre emissões líquidas zero na aviação destacou a necessidade de colaboração e soluções inovadoras para enfrentar desafios ambientais urgentes, reforçando a necessidade de um avanço tecnológico responsável em todas as áreas.

Uma das apresentações mais cativantes foi o keynote de Cristiano Amon, CEO da Qualcomm, intitulado AI is the New UI – Transforming Your Everyday. Na ocasião, Amon pintou um futuro onde a interação com a tecnologia passa por uma mudança radical. Ele prevê um cenário onde a voz se torna o principal meio de comunicação com computadores e agentes inteligentes navegam perfeitamente entre plataformas e aplicativos para fornecer informações em uma única interface personalizada. Ele enfatiza que essa experiência será ao mesmo tempo poderosa e segura, respeitando a privacidade dos usuários.

As implicações dessa mudança são profundas, argumenta Amon. Além de impactar o comportamento do consumidor, ela exige uma reimaginação completa de praticamente todos sites, APIs e sistemas. As empresas precisarão reconstruir sua infraestrutura digital para

acomodar interações baseadas em agentes, gerando uma grande transformação tecnológica. A apresentação de Amon serve como um poderoso lembrete de que a revolução da IA não se trata apenas de melhorias incrementais, mas de uma reformulação fundamental da forma como interagimos com o mundo digital.

A conversa ganhou um tom ainda mais envolvente quando o cantor Will.i.am se juntou a Cristiano Amon no palco, trazendo um elemento humano distinto à discussão sobre IA. Will.i.am destacou a dualidade da IA no campo criativo, mostrando a sua capacidade de gerar rapidamente conteúdos semelhantes aos já existentes, mas também o seu potencial para inovação genuína.

Ele argumenta que a verdadeira mágica acontece quando a IA é utilizada por “hipercriativos”, indivíduos que exploram suas capacidades para reinventar e criar novos meios artísticos. Ele apresenta seu novo projeto, fyi.ai, com personalidades de IA que representam diversas culturas, tornando a experiência de interação com a inteligência artificial mais personalizada e humanizada. Isso ressalta o papel essencial da criatividade humana na definição do futuro da IA, indo além do avanço tecnológico para criar interações mais emocionantes e culturalmente ricas.

A adoção da IA pela indústria automotiva também foi destaque em várias palestras e apresentações. Representantes de SES, BMW e Volvo abordaram o desenvolvimento de baterias de nova geração, a integração das realidades aumentada e virtual nos veículos e a reinvenção dos sistemas de transporte urbano, respectivamente. Essas apresentações reforçaram que o futuro da mobilidade depende de uma abordagem holística, conectando pessoas, cidades e tecnologia de maneira fluida e sustentável.

Além disso, conduzir o meu próprio painel sobre o futuro da IA na indústria automotiva foi uma experiência fantástica. Ao meu lado estavam Elizabeth Dirgins, da VW Financial Services, Robert Tiderington, da General Motors, e Tom Guy, da BT – um verdadeiro grupo de especialistas em automóveis e tecnologia. Nossa discussão se concentrou nos desafios e nas oportunidades de integrar IA às práticas automotivas tradicionais, migrando de sistemas legados para inovação de ponta. Um ponto central do debate foi a desconexão significativa entre as visões aspiracionais do futuro automotivo e as realidades muitas vezes limitadas por compromissos financeiros e infraestrutura herdada. Essa tensão se revelou tanto um obstáculo quanto um catalisador para a resolução criativa de problemas.

A conversa evoluiu naturalmente para a visão de longo prazo da IA no setor automotivo. Discutimos o futuro da mobilidade, considerando a diminuição da população e as mudanças demográficas que moldam as demandas dos consumidores. A inovação impulsionada pela IA no planejamento urbano e nos transportes emergiu como uma área promissora de desenvolvimento. Os painelistas reconheceram também a necessidade de adaptação às novas necessidades dos clientes e de criar flexibilidade e escalabilidade para acomodar mudanças na demanda. O debate enfatizou ainda a importância de antecipar transformações e encontrar oportunidades dentro delas.

Encerramos a talk destacando a relevância de construir uma cultura corporativa que abrace a inovação e a adoção de novas tecnologias, como a IA, enfatizando a aprendizagem contínua e a adaptação das equipes. O evento encapsula perfeitamente esse tema, seguindo o espírito dinâmico e inovador que molda o futuro da indústria.

Por fim, a presença da Rivian no SXSW 2025 é simplesmente espetacular. Como patrocinadora principal, a marca está por toda parte e sua ativação é incrivelmente imersiva, transportando os participantes do off-road urbano no centro de Austin para as dunas da Califórnia – tudo sem sair dos limites da cidade! Essa experiência bem elaborada destaca a versatilidade e a capacidade de seus veículos.

No entanto, o que realmente impressiona é o foco estratégico da Rivian na sustentabilidade, um posicionamento particularmente relevante diante da crescente insatisfação de alguns proprietários da Tesla com a mudança na postura ambiental de seu CEO. Ao enfatizar seu compromisso com a sustentabilidade e destacar seus diferenciais, a Rivian aproveita de forma muito inteligente o seu momento. É impressionante ver uma empresa relativamente nova estabelecer uma presença de marca tão autêntica e impactante, deixando sua marca no festival. Seus veículos são inegavelmente impressionantes e sua ativação no SXSW solidifica seu lugar como uma grande concorrente no mercado de veículos elétricos.

A mensagem geral do SXSW 2025 é clara: o futuro está sendo moldado pela IA, mas a sua forma final vai depender de desenvolvimento responsável, considerações éticas e compromisso com o bem-estar humano.

Mal posso esperar para ver o que os próximos dias nos reservam!