Guia brasileiro mapeia soluções para a solidão feminina
Levantamento mostra como vínculos comunitários e o uso do espaço público podem fortalecer a saúde social das mulheres
“Nenhuma mulher merece se sentir sozinha.” A frase abre o G.P.S. – Guia Para Socializar, novo report do site jornalístico independente Mulheres e a Cidade, criado em parceria com a agência de pesquisa e comunicação 65|10, que lança um olhar inédito sobre a solidão feminina no Brasil.
O estudo chega em um momento de atenção global ao tema. Em 2025, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a solidão como uma nova epidemia, e o South by Southwest (SXSW) deste ano colocou o assunto no centro de suas discussões sobre o futuro das relações humanas. No Brasil, o GPS amplia esse debate ao investigar como a criação de comunidades, redes de apoio e o uso do espaço público podem ser ferramentas para reconstruir vínculos e combater o isolamento entre mulheres.
De acordo com dados do Gallup-Meta Global State of Social Connections Report 2023, 47% das brasileiras se sentem pouco ou nada conectadas a outras pessoas. A partir desse diagnóstico, o Guia Para Socializar mapeia causas sociais e culturais da solidão feminina e propõe, em linguagem acessível, rotas práticas para fortalecer a chamada “saúde social”.
Mapa emocional para sair do isolamento
O material propõe um percurso simbólico, no qual as leitoras transitam por territórios como o “vale da solidão”, o “monte da insegurança” e o “bosque das amizades femininas” até chegar ao destino final: uma cidade onde a presença das mulheres no espaço público gera pertencimento, segurança e vínculos duradouros.
“A cidade, historicamente desenhada a partir da experiência masculina, pode, e deve, ser reconfigurada pelos laços entre mulheres”, afirma Larissa Saram, jornalista e cofundadora do Mulheres e a Cidade. “Uma cidade que acolhe relações entre mulheres é também uma cidade que cuida e deixa um legado para futuras gerações”, completa Graziela Salomão, também criadora do veículo.
Já para Thais Fabris, fundadora da agência de consultoria especializada em comportamento e comunicação com o público feminino 65|10, a força da conexão está nas experiências compartilhadas. “Da participação em coletivos culturais à ocupação de praças e eventos comunitários, o GPS celebra o encontro como potência transformadora.”
Vozes do pertencimento
O estudo foi desenvolvido por meio de desk research e entrevistas qualitativas com mulheres que atuam na criação de redes e projetos de acolhimento. Participam da pesquisa Amanda Roldan (projeto Joga Miga, de São Paulo), Carmen Lopes (Coletivo Tem Sentimento, de São Paulo), Lari Magrisso (Plataforma Lúcidas, de São Paulo e Rio Grande do Sul), Manu Caiane (Slam Poesia Marginal de Aracaju, de Sergipe), Rayane Soares (Galeria Risofloras, do Distrito Federal), Raquel Poti (multiartista e produtora cultural, do Rio de Janeiro), Suelen Ribeiro (Movimento Luta Popular, de São Paulo) e a psicóloga Dra. Juliane Borsa (São Paulo).
De acordo com a pesquisa, essas vozes compõem um retrato plural das estratégias de socialização entre mulheres nas cidades brasileiras, mostrando que a solidão não é uma condição individual, mas um sintoma de estruturas urbanas e sociais excludentes.
O G.P.S. – Guia Para Socializar está disponível gratuitamente em guiaparasocializar.com e é indicado a mulheres que desejam sair do isolamento, encontrar sua turma e construir redes de amizade e apoio.