Mulheres desejam estabilidade, homens buscam reconhecimento
Estudo revela maior interesse delas por autonomia financeira, enquanto homens almejam sucesso

(Crédito: Shutterstock)
Enquanto as mulheres sonham com mais autonomia financeira, os homens desejam fama e sucesso no mercado de trabalho. É o que aponta nova pesquisa da Timelens, empresa de tecnologia e inteligência de dados, em parceria com a Think Olga.
Segundo o levantamento, realizada pelas redes sociais, mulheres demonstram 114% mais afinidade com temas relacionados à carreira sólida e estabilidade, e os homens apresentam 90%. Quanto a fama e reconhecimento, o interesse deles é de 110%, e o delas de 86%.
A análise foi realizada a partir de menções em redes sociais com recorte de gênero no período de 2021 a 2025. Entre as usuárias do sexo feminino, a faixa etária de 25 a 34 anos demonstrou maior engajamento por pautas relacionadas à vida financeira e ao trabalho. Já o sexo masculino apresentou maior preferência por assuntos como fama e sucesso na faixa de 18 a 24 anos, a mesma que, entre as mulheres, apontou o menor índice de interesse por esses mesmos temas.
“Enquanto para muitas mulheres sonhar significa conquistar o básico: estabilidade, segurança e reconhecimento profissional, os homens costumam associar seus desejos a status e pertencimento. Essa diferença tem raízes profundas nas responsabilidades desiguais que recaem sobre cada gênero, especialmente no que diz respeito ao cuidado e à gestão da vida doméstica”, avalia Isabel Mossato, head de estratégia da Timelens.
Recorte geracional
Para complementar a análise, a pesquisa “Os Sonhos Delas”, da Think Olga, faz um mergulho no imaginário feminino de diferentes gerações. O estudo aponta que 60% das mulheres sonham com segurança financeira, um desejo comum entre todas as idades, regiões e estratos sociais.
Além disso, a carreira é um dos principais desejos das mais jovens, entre 18 e 29 anos. “Quando olhamos especificamente para as mulheres negras, elas apresentam resultados maiores nos sonhos relacionados à vida profissional, tanto na juventude quanto atualmente”, explica Maíra Liguori, presidente da Think Olga e cofundadora da Think Eva.
Consumo
Essa disparidade quanto ao desejo de estabilidade também se reflete no consumo. À medida que as mulheres compram mais comida, roupas e produtos para a saúde, os homens gastam com álcool e cigarro. É o que diz um estudo da instituição financeira Goldman Sachs. Além disso, elas investem 90% da renda nas necessidades da família, enquanto eles, entre 30% a 40%.
“Não há nada de errado em desejar fama ou bens, mas além do ponto de partida, a possibilidade de sonhar com essas conquistas e o sucesso também é desigual para as mulheres. Ainda estamos longe da autonomia financeira feminina e da igualdade no mundo do trabalho. Somos nós que cuidamos das necessidades de um idoso doente, de uma criança. Não à toa, são as mães, negras e chefes de família mais prejudicadas pela pobreza, que é cada vez mais feminina no Brasil e no mundo”, finaliza Maíra.