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A publicidade tradicional escolheu a estagnação do passado

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Diário de Cannes

A publicidade tradicional escolheu a estagnação do passado

Eu não acredito que a publicidade clássica tenha morrido, ainda está viva e poderosa em superlativos


22 de junho de 2023 - 16h11

O Professor Scott Galloway e Gary Vaynerchuck não são as figuras que esperamos ver em Cannes, mas são figuras carimbadas do outro lado do oceano, no SxSW. Em comum, ambos apresentaram suas críticas ao mercado publicitário, cada um à sua maneira.

Galloway afirmou que a publicidade está morta e precisamos encontrar outro nome para ela. Vaynerchuck diz que está diferente, mas nada mudou.

Aqui, há um cuidado importantíssimo. Em ambos os casos, há a afirmação da estagnação ou morte da publicidade. Mas o parâmetro para essa afirmação também não são as tecnologias futuristas que ainda não ganharam a realidade das pessoas, como headsets e inteligência artificial (e quando o fizerem, acontecerá de uma forma muito mais natural e nada ameaçadora), mas algo muito mais básico e poderoso: o social, o meio onde as pessoas estão mudando a cultura e a política.

Eu não acredito que a publicidade clássica tenha morrido. Ela ainda está viva e poderosa em superlativos. Contudo, ela se estabeleceu dentro de um triângulo que une modelo de negócio, visão de mundo e práticas, garantindo sua estabilidade e rentabilidade. No entanto, por outro lado, isso a prende a um lugar no tempo e espaço que não dialoga mais com um presente que evoluiu do modelo de meios físicos unidirecionais e de impacto para um modelo multidirecional, multidimensional e multicultural.

Assim como os donos de fazendas de gelo do século retrasado não foram responsáveis por criar os refrigeradores, as agências clássicas também não serão responsáveis por qualquer relação saudável e produtiva no presente, onde passamos de um modo de comunicação de impacto para uma relação de impacto. Isso é algo totalmente alienígena e inviável para a estrutura clássica.

E vejo essa estagnação com bons olhos. O social é a plataforma mais importante para as marcas, mas elas são subaproveitadas, muitas vezes por causa de suas agências tradicionais. Com uma demanda crescente e inevitável, surge a oportunidade de criar novos negócios, com uma vantagem: que esses espaços sejam propriedade de pessoas pretas, mulheres, indígenas, LGBTQIAP+ e outros grupos sub-representados. Que esses espaços sejam construídos do zero, com modelos de negócios mais prósperos e justos, com uma visão de mundo agregadora e práticas fundamentadas na prosperidade coletiva.

O presente pertence às pessoas e é para as pessoas.

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