Precisamos falar sobre Cyber
A categoria, que completa 18 anos no Festival de Cannes, enfrenta uma crise de identidade
A categoria, que completa 18 anos no Festival de Cannes, enfrenta uma crise de identidade
10 de junho de 2016 - 10h50
Lá vai a categoria de Cyber celebrar seu 18º ano no Festival de Cannes. Passadas muitas transformações, chegou, enfim, a hora de estabelecer o que ela tem de proprietária para traçar os caminhos para os próximos anos.
Já vivemos a era que premiava banners e entendia a internet apenas como um espaço de mídia; veio a era dos hotsites interativos que colocavam o usuário em experiências mais imersivas; passamos pela era dos apps, quando se descobrira que a publicidade podia também estar no celular; a era das traquitanas; a era dos vídeos interativos, dos virais e muitas outras.
Mas, com o passar dos anos, novas categorias surgiram no festival, o que fez com que o significado de Cyber fosse esvaziado. Ela continuava a premiar peças, porém o protagonismo dos trabalhos muitas vezes estava em outras categorias.
Mobile, Media, PR, Innovation e Filme, entre outras, são categorias com critérios mais definidos para reconhecer por que um trabalho é relevante e merece ser premiado. Cyber, por outro lado, ocupa um território nebuloso nas premiações, tanto para mostrar o pensamento do júri quanto para apontar caminhos para a categoria.
Cara de Cyber, fucinho de outra
Vejamos os grandes vencedores da categoria de Cyber de 2015: Hammerhead, também ganhou ouro em Mobile e a principal interação do usuário com o produto passava por um aplicativo móvel; com Clever Buoy, que também recebeu ouro em Mobile, não foi diferente: essa era sua característica mais forte.
Tivemos também Like a Girl, de Always, uma das peças mais populares do último festival por ter viralizado no mundo todo. Um filme brilhante, que gerou discussões relevantes e realmente engajou as pessoas. Mas também sabemos que um filme veiculado na televisão pode gerar discussões no ambiente online e nem por isso deveria ser reconhecido na categoria Cyber.
A categoria de PR premiou Like a Girl com o Grand Prix. Faz sentido, né? O protagonismo está aí: a ideia se propõe a gerar conversas nos veículos e nas pessoas; e ela conseguiu.
Por isso, está na hora de Cyber ter o protagonismo nas peças que são reconhecidas em suas subcategorias – principalmente os trabalhos premiados com Ouro e Grand Prix, que apontam direções e caminhos a se seguir. Só assim vai ser possível encontrar a sua essência, que não deveria ser escondida pelas outras categorias.
Call to action
No ano passado tivemos algumas peças que ressaltaram o que acredito ser único na categoria de Cyber: pessoas conectadas em rede que podem se mobilizar por uma premissa de forma interativa. Um bom exemplo foi o The Ice Bucket Challenge, para o The ASL Association, e o Grand Prix de 2015: I Will What I Want, de Under Armor.
Temos outros exemplos de peças premiadas ao longo desses 18 anos que usam o raciocínio da rede e a interação para engajar o consumidor em um conceito, como Oreo Daily Twist; The Beauty Inside; Response Campaign, de Old Spice; Whooper Sacrifice, entre outros.
Aos 18 anos é hora de decidir o que você vai ser e qual caminho vai seguir pelos próximos anos. Chegou a hora da categoria de Cyber escolher ser protagonista de si mesma.
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