Preparar, escolher, F.O.M.O
No início o público era praticamente 60% agencias, 30% produtoras e diretores e 10% outros. Hoje em dia, entre agências, há produtoras e diretores, clientes, provedores de mídia, empresas de tecnologia e afins
No início o público era praticamente 60% agencias, 30% produtoras e diretores e 10% outros. Hoje em dia, entre agências, há produtoras e diretores, clientes, provedores de mídia, empresas de tecnologia e afins
13 de junho de 2017 - 12h05
Nos últimos oito anos acho que é assim que a maioria das pessoas se sente na preparação pro festival. Ele cresceu tanto e tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que o tal do FOMO é inevitável.
A primeira vez que fui pra Cannes – acho que em 2003 – quando o festival estava completando 50 anos e ainda era controlado pelo Frances, que o fundou, era tudo muito diferente. Era uma evento linear. Cada coisa acontecia no seu tempo e muito tempo se tinha pra se desfrutar dos ambientes de print, e outdoor e encontrar com seus parceiros das agências para cafés, almoços e jantares. Não que hoje em dia não se faça isso, mas o festival não tem nada mais de linear. É quase como se ele antes realmente fosse um evento francês – que desse o tempo ao tempo, muito mais lúdico e que dava uma importância aos relacionamentos e encontros muito maior.
Hoje em dia, a coisa se multiplicou de uma maneira…. O festival foi vendido pra uma empresa Inglesa há uns dez anos, e desde então cada ano fica mais comercial, mais nervoso, mais americanizado sob esse ponto de vista – e bem menos charmoso e menos francês. Com mais categorias, mais delegados, mais patrocinadores, mais prêmios. Menos glamour, Menos tempo, menos relacionamentos, menos lugar pra sentar, mais filas. Mais FOMO. Mais blind dates.
Ontem uma grande empresa de mídia me ligou querendo organizar dez speed dates pra mim com agências e produtoras de conteúdo numa mesma manhã. Será? Nunca me achei mulher de speed date, não é em Cannes que vou fazer isso…
Acho que o festival perdeu o seu espírito, mas ganhou dinamismo. No início o público era praticamente 60% agências, 30% produtoras e diretores e 10% outros. Hoje em dia, entre agências, há produtoras e diretores, clientes, provedores de mídia, empresas de tecnologia e afins, os números são balanceados. É realmente o maior festival da nossa indústria para se ver o que que tem de novo, diferente, moderno, bom e ruim também. Na minha opinião, uma semana pra ser desfrutada a fundo e com destreza.
Mas apesar de ter muitas coisas que eu vou “miss out” nesse pandemônio todo, aquela que eu NUNCA perco nos sete anos em que estive no festival é o New Directors Reel Showcase da Saatchi & Saatchi. Um momento de reflexão. Que você se sente levitando da cadeira do cinema e pensa – como eu amo muito tudo isso… Thank you Mr. Isherwood.
Au revoir.
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