Quando o prêmio vira fim, começa o fim

21 de junho de 2025 - 16h14

Foi minha primeira vez em Cannes. Primeira vez também que a Bauducco levou um case para o festival. Teve shortlist, mas sem Leão. E, ainda assim, um dos maiores momentos da minha trajetoria em marketing.

Porque Cannes é simbólico. E tem ainda mais valor quando chega na hora certa. Construção de marca não é acabamento. É alicerce. E, como em qualquer obra, se você se distrai com a fachada antes de preparar o solo, tudo desaba ao menor tremor.

O prêmio é consequência. Quando vira objetivo, vira armadilha. E a gente sabe: quando a recompensa vira briefing, estamos começando o fim.

Sempre acreditei que prêmios devem reconhecer a coerência e a consistência da construção de uma marca. Celebrar ideias criativas, sim, mas, acima de tudo, ideias que deixam legado real.

Quando o troféu se transforma em objetivo, e não em reflexo de um caminho bem trilhado, o risco é deturpar a rota. O prêmio deixa de ser conquista e vira distração.

É isso que me move: a oportunidade de transformar boas ideias em grandes entregas. Executá-las com excelência, consistência e propósito. Ver a criatividade servindo à construção de marca, gerando resultado real; e não apenas à busca por palco.

O que marca, constrói marca. E Cannes me marcou. Muito.

E tudo isso no ano em que a Bauducco assumiu a liderança na pesquisa Brandlovers como a marca de alimentos mais amada do Brasil — e ganhou 14 posições entre 765 marcas avaliadas, se tornando a sétima marca mais amada do país.

Realmente essa presença em Cannes foi um marco. E, mais do que tudo, um sinal de que veio na hora certa.

Não voltei com um Leão na mala. Mas voltei com algo ainda mais valioso: fome de Leão.

Como diz Adélia Prado: “Eu não quero faca, nem queijo. Eu quero é fome.” É assim que eu volto.

O fim de Cannes é só o começo do que realmente importa. Mãos à obra.