Retrospectiva 2023: as 10 maiores polêmicas do ano
Expulsão no BBB, ofensivas contra o PL das fake news e acusação de plágio da Bauducco estão entre os assuntos que geraram mais debates na indústria da comunicação em 2023
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Meio & Mensagem
19 de dezembro de 2023 - 12h14
Entre os temas que dominaram as conversas ao longo do ano de 2023, certamente a crise climática é um dos que mais gera preocupações e impacto em diferentes esferas. Além dos efeitos mais óbvios, como a ausência de chuvas ou chuvas em excesso, com perdas para as pessoas e consequências para a economia, a temperatura criou condições para um episódio polêmico: durante um dos shows da cantora Taylor Swift, no Rio de Janeiro, uma fã morreu, vitimada pelo calor excessivo.
O outro tema que atravessou o ano foi a inteligência artificial, com a popularização do ChatGPT ferramenta da OpenAI. E foi a companhia, que ajudou a acelerar a corrida pelo domínio da IA em todo o mundo, que protagonizou um dos episódios polêmicos deste ano: em novembro, o CEO e um dos fundadores da empresa, Sam Altman, e o sócio Greg Brockman foram demitidos. Depois da pressão de funcionários, que ameaçaram migrar em massa para o Microsoft (que controla quase 50% da OpenAI), a empresa voltou atrás e os executivos retomaram os cargos.
Esses estão entre os 10 fatos mais polêmicos que permearam a indústria de comunicação, marketing e mídia ao longo de 2023 , de acordo com a curadoria editorial de Meio & Mensagem:
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– Retrospectiva 2023: os 10 principais fatos do ano
O ano foi marcado por pedidos de recuperação judicial de grandes anunciantes. O primeiro foi da Americanas, logo em janeiro. O Grupo Petrópolis, dono da cerveja Itaipava, declarou à justiça do Rio de Janeiro dívida de US$ 4,2 bilhões, o que resultou em sua recuperação judicial em março. No segmento de turismo, a 123Milhas emitiu, em agosto, comunicado nas redes sociais apontando que suspenderia a emissão das passagens de viagens previstas de setembro a dezembro. Já no final do mês, entrou com o pedido no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, tendo declarado dívida de mais de R$ 2 bilhões. A 123 Viagens e Turismo, inclusive, ocupou o segundo lugar na edição 2023 do ranking Agências & Anunciantes do Meio & Mensagem dos maiores anunciantes do Brasil. Já nos Estados Unidos, a WeWork entrou com pedido de proteção contra falência no início de novembro. O coworking está presente no Brasil com mais de 27 escritórios e, de acordo com o escritório latino-americana, a decisão não afeta a operação da companhia na região.
Em 17 de novembro, o CEO e um dos fundadores da OpenAi, Sam Altman, e o sócio Greg Brockman foram demitidos. O conselho executivo justificou a demissão de Altman após processo de revisão deliberativa que questionava a integridade e transparência no relacionamento do executivo com o board. Porém, em menos de uma semana, em meio às ameaças de funcionários migrarem em massa para a Microsoft, Sam Altman e Greg Brockman retornaram aos respectivos cargos. Contudo, o retorno dos executivos gerou reformulação do conselho executivo, que passou a ser liderado por Bret Taylor, ex-CEO da Salesforce. Segundo fontes, a reversão da decisão do board aconteceu após intervenção direta do CEO da Microsoft, Satya Nadella, empresa que controla quase 50% da OpenAi, que também entrou no conselho após a polêmica. Depois do intervalo de gestão, no qual Mira Murati tinha se tornado a CEO interina, a profissional retornou ao cargo de chief tecnology officer. A OpenAi é a responsável pelo lançamento do ChatGPT.
Criado em 2015, pelo programador Jason Citron, como uma plataforma de bate-papo por vídeo, voz e texto, o Discord foi tema de uma série de polêmicas no segundo trimestre deste ano. Isso porque, em abril, uma reportagem do Fantástico, programa dominical da Globo, revelou como a plataforma se tornou ferramenta para práticas criminosas. Em maio, a investigação ganhou desdobramentos em outra reportagem do programa, que identificou integrantes de um desses grupos que atraiam crianças e adolescentes com o objetivo de humilhá-los e violentá-los. Como consequência das investigações, quatro participantes de um desses grupos foram presos. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também passou a investigar o Discord. A repercussão do caso evidenciou a regulamentação branda em cima das redes sociais e moderação de conteúdo pouco rígida dentro desses ambientes sociais digitais e reacendeu o debate da sociedade e de políticos sobre o papel das big techs no combate à desinformação.
Em 18 de outubro, a Bauducco tomou conta das conversas nas redes sociais por causa de sua campanha de reposicionamento “Magia Amarela”. Criada pela Galeria, a ação tinha uma música e clipe homônimos, interpretados pelas cantoras Duda Beat e Juliette. Tanto a identidade da faixa quanto a mensagem chamaram a atenção pela semelhança com AmarElo, projeto de Emicida, lançado em 2019. Evandro Fióti, CEO da Lab Fantasma, e autor do álbum ao lado do rapper, de quem é irmão, se pronunciou no Instagram dizendo que o conceito do trabalho deles foi roubado. Sem citar a Bauducco, Fióti disse que a marca negociou com ambos, mas que não houve acordo em relação ao cronograma, aos prazos e às questões financeiras. Tanto Duda Beat quanto Juliette se pronunciaram em suas redes sociais, por meio de suas assessorias, afirmando que não participaram do processo criativo da campanha. Diante do ocorrido, a Bauducco decidiu cancelar a campanha e disse que seguirá dialogando com os artistas envolvidos.
Em abril, foi aprovado o regime de urgência para votação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News. O PL tem como propósito estabelecer normas relativas à transparência de redes, sobretudo com relação à responsabilidade quanto à desinformação. O texto, no entanto, desde o início, recebeu críticas das empresas de tecnologia e foi recebido com preocupação por entidades setoriais. Entre as big techs, o Google liderou a ofensiva contra o PL com uma campanha em seu blog defendendo que a manutenção do texto representaria um retrocesso para a internet aberta no Brasil. O auge da ação se deu quando a plataforma incluiu o texto “O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil” na página inicial de seu buscador. O Ministério Público Federal expediu ofício questionando a companhia sobre possível favorecimento de conteúdos contrários ao PL. Depois de muita discussão, a votação do Projeto de Lei 2630/2020 foi adiado na Câmara.
A passagem da cantora norte-americana Taylor Swift pelo Brasil foi o estopim para um debate sobre as condições oferecidas aos fãs em grandes shows. No primeiro dia de apresentação da cantora, no Rio de Janeiro, durante a maior onda de calor registrada na capital fluminense, a jovem Ana Clara Benevides Machado, de 23 anos, sofreu parada cardiorrespiratória e faleceu. Autoridades municipais e do governo federal cobraram medidas para garantir a segurança do público. O show que seria realizado no dia 18 foi adiado. A T4F, organizadora do evento, declarou que prestou assistência psicológica à família da jovem. Porém, os parentes afirmaram que a companhia não havia oferecido suporte financeiro para o traslado do corpo. Na semana seguinte, o Diário Oficial da União publicou portaria que obriga a distribuição gratuita de água em grandes eventos realizados em dias com alta temperatura. A T4F, por sua vez, emitiu comunicado reconhecendo que é preciso que o setor repense o modelo diante da nova realidade climática.
No início de novembro, frente à movimentação feita por algumas agências na criação de suas próprias estruturas internas de produção, a Associação Brasileira de Produção de Obras Audiovisuais (Apro) divulgou uma carta em que manifestava preocupação a respeito do impacto desses investimentos no desenvolvimento do setor. Na ocasião, a entidade afirmou que o objetivo era promover uma discussão sobre a prática, que levanta “questões sobre a transparência, ética e concorrência leal” e que prejudica o segmento das produtoras, cuja maior fonte de receita é, justamente, a publicidade. Nas palavras da Apro, ao promover concorrência entre produtoras independentes e in-houses, o mercado cria uma situação de “vantagem injusta, uma vez que (as agências) possuem informações privilegiadas”. À época, em resposta à carta aberta, a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) informou que formaria um grupo de trabalho com a missão de definir um protocolo de boas práticas.
Em maio, Vinicius Jr., do Real Madrid, foi alvo de gritos e ofensas racistas pela torcida do Valencia. Vini Jr. chegou a reclamar para o juiz durante a partida. A torcida continuou os xingamentos e, ao reagir, o brasileiro foi expulso. O Real Madrid encaminhou queixa crime junto à justiça da Espanha por conta das ofensas raciais. Vini Jr. se posicionou nas redes sociais contra o racismo e recebeu apoio de jogadores, entidades do futebol e personalidades. Os patrocinadores da liga espanhola passaram a sofrer pressões. Marcas como BKT, Puma, EA Sports, Microsoft, Mahou e Sorare se pronunciaram sobre o caso. Antes, em janeiro, um boneco simulando o jogador sendo enforcado havia sido pendurado em uma ponte na capital espanhola antes do clássico contra o rival Atlético de Madrid. Três torcedores do Valencia receberam multa de 5 mil euros e foram proibidos de frequentar estádios por um ano. Já quatro acusados do episódio do boneco receberam multa de 60 mil euros e foram banidos dos estádios por dois anos.
A atriz e comediante trans Dylan Mulvaney participou de uma promoção da cerveja Bud Light, da AB- Inbev, no Instagram, em abril. Mas, em pouco tempo, marca e atriz foram alvos do movimento conservador e de extrema-direita dos EUA. A marca perdeu vendas, participação de mercado e espaço nas gôndolas após a ação. Em postagem no Instagram, o músico e apoiador do Partido Republicano, Kid Rock, canalizou esses protestos ao aparecer atirando em latas de Bud Light. A AB-Inbev afastou Alissa Heinerscheid como VP de marketing de Bud Light, sendo substituída por Todd Allen. O diretor de marketing da AB-Inbev nos EUA, Benoit Garbe, deixou a companhia em meio à queda contínua das vendas de Bud Light. Nas redes sociais, Dylan criticou a falta de apoio da marca. Segundo ela, essa ausência de posicionamento intensificou os ataques. A empresa tem um histórico de campanhas voltadas para comunidade LGBTQIA+, lançando cerveja em garrafas de arco- íris para o Mês do Orgulho e parcerias com organizações de apoio à comunidade.
Na edição 2023 do Big Brother Brasil, um caso de assédio repercutiu nas redes sociais. O acontecimento envolveu a participante de intercâmbio Dania Mendez, o cantor MC Guimê e Cara de Sapato. Na ocasião, o programa exibiu cenas da festa em que o MC tocou no corpo da participante e o ex-lutador a beija e a abraça. A situação gerou muitos comentários nas redes e fez com que todos os 18 patrocinadores pressionassem a emissora por medidas contra o assédio. O Mercado Livre foi o primeiro a se manifestar. Mesmo sem citar o programa, a marca deixa claro que “até mesmo um aperto de mãos só deve acontecer quando há consentimento de ambas as partes.” Depois disso, Ademicon, Chevrolet, Coca-Cola, Nestlé, Riachuelo, Seara e outras marcas patrocinadoras do BBB 23 também começaram a usar as redes sociais para se manifestar sobre o episódio. Os dois participantes foram expulsos do programa e não puderam participar da Casa do Reencontro, dinâmica em que o público poderia escolher dois participantes para voltar ao programa.
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