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Opinião

Faça você mesmo — mas não faça sozinho

O futuro aponta para tomadas de decisões ainda mais ágeis dentro de possibilidades muito mais amplas, um paradoxo tão insolúvel quanto inevitável


29 de julho de 2019 - 10h55

(Crédito: Reprodução)

Na próxima semana, estreia em nosso canal de vídeo e no YouTube a série ForMakers, que se propõe a desvendar e debater o impacto da cultura maker nos processos de transformação digital e inovação de grandes marcas de serviços e bens de consumo, com uma atenção especial às iniciativas voltadas para a comunicação com o público. Em sua segunda temporada, o conteúdo original produzido e veiculado por Meio & Mensagem terá dez episódios quinzenais e a apresentação do editor assistente Luiz Gustavo Pacete e do estrategista de canais Isaque Criscuolo, criadores da série e responsáveis pela curadoria dos temas e convidados dos programas.

Makers é como se denominam aqueles profissionais que se propõem a resolver desafios e encontrar soluções colocando a mão na massa. Conceitualmente, gostam de enaltecer o uso de ferramentas analógicas, como martelos e serrotes, que de fato são usados muitas vezes na construção de protótipos. A referência serve como lembrança do propósito e do espírito que move um maker, mas é muito mais romântica do que realista, se o compararmos, por exemplo, com um marceneiro ou ceramista — e envolve o uso eficiente da tecnologia e plataformas digitais disponíveis, como impressoras 3D e placas de programação.

Se na concepção original ser um maker era algo ligado a uma produção artesanal e pressuponha tempo para desenvolver sua obra com doses massivas de autoria e um acabamento condizente com a proposta inicial, o maker contemporâneo e corporativo precisa ser ágil, saber trabalhar em equipe e estar ciente de que o bom é inimigo do ótimo — e que a perfeição é um estado utópico a ser buscado, mas talvez nunca alcançado, principalmente se outras ideias e processos não forem incorporados.

Assim, os makers abraçam o trabalho em grupos, nos quais os problemas são resolvidos em blocos, a serem moldados e plugados em alguma parte da jornada. É uma releitura alinhada às necessidades urgentes das empresas, nos dias de hoje, em adaptarem as entregas às demandas dos clientes.

Essa pressa faz com que grandes companhias como Coca-Cola, Nestlé, Unilever, entre outras, estejam desenvolvendo espaços e equipes dentro de casa para fomentar o pensamento e disseminar as práticas makers. A finalidade é encontrar em horas, dias, a solução para problemas que levariam semanas, meses, talvez anos para serem resolvidos por meio de processos advindos da herança industrial, os quais boa parte das empresas ainda carrega em suas estruturas e operações.

“Conhecimento não é propriedade privada”, afirma a designer, arquiteta e pesquisadora Rita Wu, membro-fundadora do Fab Lab São Paulo, em entrevista a Luiz Gustavo Pacete.

É uma lógica com total aderência ao mundo em que vivemos e trabalhamos, o qual, agora já sabemos, não caminha, como foi em outras eras, para um acomodamento e equilíbrio. A tendência aponta para um futuro de tomadas de decisões ainda mais ágeis dentro de possibilidades muito mais amplas, um paradoxo tão insolúvel quanto inevitável.

Não à toa, dentre os principais valores da nova geração maker estão a diversidade, a horizontalidade e o compartilhamento. São variáveis intrínsecas e condições sine qua non para que essa cultura floresça e atinja o potencial máximo de eficiência. Quando acontece de maneira orgânica, é retroalimentação pura e fluida, como no mistério do ovo e da galinha ou no slogan consagrado das bolachas Tostines. É a adoção da cultura maker que fomenta a horizontalidade, a diversidade e o compartilhamento de informação nas companhias, ou vice-versa?

Quanto mais difícil for responder ao enigma, mais próximo de atingir o estado da arte para um ambiente regido pelo signo do faça você mesmo — mas não faça sozinho.

*Crédito da foto no topo: RawPixel/Pexels

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