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Opinião

Pilha no Brinquedo #13: Blue ou Silver > longe-vida-de

Não que seja “ciência de foguete”, mas a perspectiva da série é quase um “check list” do que está ao nosso alcance e parece adormecido ou anestesiado


3 de julho de 2024 - 8h00

LONGE…? nem tanto. De acordo com o Censo’22 do IBGE, o número de idosos no Brasil cresceu 57,4% em 12 anos. Em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais no país chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de 7,4% da população.

Este é um tema interessante e polarizante. Interessante, pois a longevidade está relacionada a aspectos que alongam os prazeres da VIDA, mas nem sempre vemos o “envelhecer” como um céu azul. Diria que mais cinza, ainda meio nebuloso em muitos aspectos. São mais que as rugas. O entardecer, como muitos o chamam, apresenta os mistérios da noite. Não tem jeito, vai acontecer. Mas o que isto tema ver com marketing?! Bastante. E diria, que é mais que o suficiente para nos preocuparmos de maneira genuína. É mais que a “população”, é o nosso target, a persona, somos nós mesmos que envelhecemos. E estamos ávidos por longevidade.

Recentemente tive a oportunidade de assistir ao documentário da NetFlix, sobre as “Zonas Azuis”, e penso que é uma reflexão que vale a pena ser feita. Principalmente para saber se estamos considerando esses aspectos em nossas estratégias. Se estamos entendendo empaticamente os impactos, ou melhor, as dores e delícias que abrigam o tema.

Não que seja “ciência de foguete”, mas a perspectiva da série é quase um “check list” do que está ao nosso alcance e parece adormecido, ou anestesiado. Afinal, se a proposta é chamar da melhor idade e fazer com que ela se estenda, tem de fato que valer a pena. O mais bonito em “Blue Zones”, é que longevidade e vitalidade se entrelaçam. A espinha dorsal do estudo está agrupada em quatro principais aspectos, quem transcendem as fronteiras físicas ou culturais:

Mobilidade “orgânica”, ou seja, quase natural. Onde a topografia ajuda a subir ladeira na marra, e movimentar-se para honrar o corpo. As atividades como cuidar da horta, abaixar-se para rezar, ou mesmo carregar as sacolas são parte do exercício. Aqui é quase uma aula de história, que acontece pela geografia.
A comida é mais que nutrição, e não é só falar de carboidrato de baixa complexidade, ou de alimentação super proteica, aliás, pelo contrário. É valor nutricional somado à comida na medida certa. Aqui não tem rótulo ou legislação que sobreviva. É sobre a procedência e o cultivo que está sendo ofertado. Alimentar-se é parte da sabedoria – coma com parcimônia.
Outlook, que é traduzido como propósito. Segundo eles, têm plena noção do “porquê” acordam todos os dias e sabem o que devem oferecer ao mundo. Já pensou nisto?

Socializar. Os círculos sociais são regidos pela cooperação, fé, alegria e positividade. Não é a conexão pela conexão. Tem interação, senso de propósito comum, leveza e compaixão.

O mais interessante, é que não aparece nenhum milionário e não tem ninguém se entupindo de suplementos. Simplesmente, vivem naturalmente os princípios acima. O contentamento não é apenas um estado, não existe o “stress inflamatório”. Existe uma busca em inspirar os outros a explorar essa nova lente de viver.

A pergunta que fica, é se, isso é, o “Paraíso” ou uma utopia. Pode até ser, pois esse sonho precisa de uma ajudinha. Algo que a parceria público-privada precisa empurrar. Aí que entra a nossa contribuição pessoal e das nossas marcas – encorajadas por um propósito claro que guie todas as ações.

Ao compartilhar essa reflexão, sinto-me impulsionada pela vontade genuína de empurrar a mim mesma também a explorar essa nova lente através da qual podemos enxergar o envelhecer. Mais azul, menos cinza.

Então, ao invés de “boa tarde, boa noite”, despertemos juntos. “Bom dia” e vida longa!

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