A criatividade brasileira como aceleradora de negócios

16 de junho de 2025 - 15h14

Chegar ao Cannes Lions pela primeira vez é atravessar um portal onde criatividade, negócios e inovação dividem o mesmo palco.

O Palais des Festivals pulsa energia e diversidade: são profissionais de dezenas de países reunidos para celebrar o poder das ideias. E, já nos primeiros instantes, a presença brasileira chama atenção.

É um privilégio estar aqui justamente no ano em que o Brasil inaugura a inédita categoria de Creative Country of the Year.

Desde o embarque em Roma rumo a Nice, já se percebia a vibração de um país que, há décadas, ocupa um lugar de extrema relevância neste palco global.

As melhores agências do mundo têm brasileiros em cargos de liderança. Não é para menos: o brasileiro é um povo criativo por natureza — otimista, bem-humorado e flexível.

A força da delegação brasileira impressiona: a maior deste ano, com profissionais vindos de agências, plataformas, anunciantes e consultorias.

Apesar da natural competitividade do mercado, há um espírito colaborativo genuíno que ajuda a explicar parte desse sucesso.

Cannes não é apenas um festival de premiação — é também um grande ponto de articulação e construção de relações, que reforçam a potência do nosso país no contexto global de Comunicação e Marketing.

Em 2024, o Brasil saltou da 5ª para a 3ª posição no festival, conquistando 92 Leões — entre eles, 2 Grand Prix, 14 Ouros, 31 Pratas e 45 Bronzes.

No Lions Creativity Report, que avalia o impacto dos trabalhos premiados, alcançamos o 2º lugar global, posição que não ocupávamos desde 2018. Este ano, no primeiro dia, somamos 6 Pratas e 10 Bronzes até o momento.

Mas, além dos números, o que mais impressiona — e, de certa forma, conforta — é a capacidade de reinvenção da criatividade brasileira.

Hoje, o reconhecimento em Cannes passa também pela criatividade aplicada a desafios reais de negócios: personalização de experiências, uso estratégico de dados em CRM e commerce, construção de jornadas omnicanal e geração de valor nas interações com o consumidor.

As grandes ideias seguem emocionando e engajando, mas precisam mais do que nunca também entregar resultados mensuráveis.

A criatividade passa por experiências integradas, aplicação de tecnologia com sensibilidade e uso de dados não apenas para vender, mas para construir relações de longo prazo com os consumidores.

Tive a oportunidade de vivenciar isso no ano passado, quando, pela MRM, conquistamos o primeiro Leão de Ouro da história do Brasil na categoria Creative Commerce — reconhecimento que sinaliza o avanço do país em territórios onde dados, tecnologia e criatividade coexistem para gerar impacto real de negócios.

Nesta edição, categorias como Creative Commerce, Creative Data, Business Transformation e Customer Experience ganham ainda mais espaço — e o Brasil começa a marcar presença consistente nelas.

Não por acaso, os cases inscritos já refletem esse movimento: criatividade a serviço dos negócios, sustentada por insights humanos que geram relevância contextual, emocional e cultural.

Encerrando este primeiro dia, fica ainda mais evidente o quanto a criatividade brasileira segue viva, pulsante e em constante evolução.

Não apenas reconhecida globalmente por seu potencial artístico e adaptativo, mas consolidada como força estratégica capaz de conectar marcas e pessoas de forma significativa em um mundo cada vez mais complexo — e, também, cada vez mais cheio de oportunidades.