Cannes, sua louca

17 de junho de 2019 - 9h05

Quem vem ao Cannes Lions com frequência e sempre tem seus trabalhos inscritos para esse grande festival de criatividade, sabe o que vou falar aqui: vir a Cannes sempre mistura a excitação e euforia, mas sem nunca deixar de passar pela expectativa e tensão anteriores. Ah, e na grande maioria das vezes, transformada em frustração e desilusão.

É a experiência de sentimentos mais misturados que já vi em nossa profissão. Por mais experiente que se seja, qualquer profissional passa por isso.

Seja porque há pressão e ansiedade pessoal para ganhar, seja porque há pressão da própria agência, de sócios, do grupo internacional, da holding, do mercado, dos colegas, dos clientes. Olha só. Né?

Cannes é esse festival não só de criatividade, mas um festival de emoções. Uma loteria dos leões e dos sentimentos: nunca se sabe em qual a roleta vai cair. Do ansiolítico ao champanhe rosé em dias. Às vezes em horas.

Cannes é o maior festival por isso. Não só pela sua grandiosidade em números, inscrições e em participantes do mundo todo. Mas pela grandiosidade das expectativas. Esse RollerCoaster da Cote D’Azur sem cadeirinha com trava de segurança.

É uma olhada no WhatsApp dos grupos de amigos e pessoas conhecidas nos juris, ao Twitter , Instagram e sites como o Meio&Mensagem a cada 10 minutos. Mas eles não se atualizam assim, não adianta.

Cannes é uma certa loucura, uma Babel não só de gente, mas de sentimentos.

Quando vier a Cannes, aprenda: para cada “up” e cada “down”, há mais uns 3 outros sentimentos entre um e outro.

Cannes: só venha com seu manual de sobrevivência.

Sobrevivência à nossa própria loucura.