Criadores no centro, não na borda

14 de junho de 2025 - 10h24

Desembarquei na quinta-feira em Cannes. Uma delícia ver tudo ganhando forma, dos estandes às ruas, da movimentação nos hotéis aos encontros casuais pela Croisette. A cidade vai se enchendo aos poucos, mas o que importa mesmo já começou: as trocas.

Ontem conheci pessoalmente o júri da categoria Social & Creator e, desde os primeiros minutos, a sensação é de uma virada de categoria, de indústria, de consciência.

As conversas são intensas, os pontos de vistas são críticos e os trabalhos em avaliação mostram o quanto essa categoria está amadurecendo. Já não estamos falando de creators como veículos ou vitrines, mas como mentes criativas, curadoras de linguagem, cultura e comunidade. Queremos ver peças que demonstram esse domínio de narrativa, sofisticação na construção do engajamento e, principalmente, intenção estratégica real.

Este ano, Social & Creator se tornou uma das categorias com mais inscrições do festival: foram 1.673 trabalhos enviados. O Brasil registrou 2.736 inscrições no total, um crescimento de 32,4% em relação a 2024. Os números mostram que esse território deixou de ser marginal e começa a ocupar um lugar cada vez mais central nas apostas das agências e marcas.

Mas é importante lembrar que volume não necessariamente se traduz em maturidade criativa. Ainda estamos diante de um cenário em evolução com alguns cases que já demonstram mais consistência, visão estratégica e impacto real, enquanto outros ainda refletem as transições e aprendizados do mercado. Faz parte! O que temos aqui é a marca de um ano que pode ser um divisor de águas. E agora, com os jurados em ação, vamos ver como será o verdadeiro desenrolar dessa história.

As trocas já deixaram claro: creators deixaram de ser parte da engrenagem para ocupar o centro da autoria. São força criativa real, com direção, com propósito e principalmente com potência cultural.

Mais do que desafiar a lógica publicitária tradicional, esses cases apontam para um novo jeito de contar histórias, gerar valor e criar impacto a partir de conexões genuínas.

Não é apenas sobre influência. É sobre criação, cultura, comunidade e pertencimento.

Que venham os debates. Que venham os dias longos. Se tudo correr como deve, a gente não volta só com vencedores e leões, volta também com novos caminhos. Tô animada com tudo isso. ‘Bora que vamos!’