18 de junho de 2021 - 10h23
Minha expectativa para Cannes este ano é essa: que o festival possa funcionar como uma vacina. E como as vacinas contra a COVID-19, que venha em duas doses.
Dose 1: vacina contra o marasmo
Como uma dose ainda não imuniza uma pessoa completamente, tudo que torço é que Cannes seja um feixe de luz em um ano tão escuro. Que a criatividade, remodelada pela empatia, pela diversidade e inclusão, e pela necessidade de fazer mais com menos traga frescor e nos ajude a evoluir a discussão para além da pandemia.
Depois de um longo período de incertezas, quero pensar em outra coisa e ver a criatividade brilhando forte. Quero ver nossa arte e técnica trazendo alegria e esperança, pois estamos todos precisando.
Dose 2: vacina contra a velha propaganda
Muitos males assolam o mercado há décadas. E Cannes, querendo ou não, é o maior símbolo de todos eles. O festival da Riviera Francesa, regado à rosé, com iates ao fundo e prêmios que inflam egos, não pode continuar da mesma forma em um mundo em pandemia.
Mais do que nunca, a indústria da propaganda precisa usar o momento para refletir. E Cannes é um ótimo espelho. Quero ver o mercado encontrando um novo propósito, mais conectado às diversas pautas urgentes que estão por aí. E quero ver os indivíduos usando o poder de suas lideranças para o bem. A propaganda cria ideias e muda ideias fixas. Tem uma nova propaganda aí louca pra nascer.
Claro, mesmo a segunda dose não é 100% eficaz. Mas juro que estou feliz com qualquer avanço que nos proteja de sermos contaminados pela velha mentalidade outra vez.
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