Retail therapy: a virada da Ikea
Como uma marca ícone, tão amada em seu país, pode se tornar subitamente irrelevante?
Como uma marca ícone, tão amada em seu país, pode se tornar subitamente irrelevante?
20 de junho de 2018 - 15h48
Essa era uma palestra que eu estava aguardando bastante e realmente valeu a pena. Como uma marca ícone, tão amada em seu país, pode se tornar subitamente irrelevante? Esse tem sido o desafio da Ikea em sua terra natal, a Suécia.
A Ikea acompanhou os suecos no processo de urbanização do país. Os camponeses, que começaram a se urbanizar na década de 60 encontraram na Ikea uma opção de móveis com design democrático. Isso explica o fato de que em quase todo lar sueco tenha ao menos um móvel Ikea e existirem mais catálogos da Ikea nas casas suecas do que bíblias.
A Ikea sacou que estava perdendo relevância porque perdeu a sintonia com as pessoas. As pessoas mudaram, as famílias mudaram, a Ikea não. Os suecos amavam a marca, mas não amavam tanto assim os produtos. Mensagem: o sucesso torna as marcas sedentárias e marcas sedentárias correm o risco de perder a conexão com as pessoas e se tornarem irrelevantes.
A virada começou quando a agência Akestam Holst sacou que, considerando que a maioria das casas suecas tem ao menos um móvel Ikea, a marca se torna então testemunha íntima do que acontece na vida das pessoas. O conceito “Where Life Happen” veio desse insight, a vida que acontece nas casas suecas do século XXI é a vida nossa imperfeitinha de cada dia: adolescentes em crise, filhos de pais divorciados com guarda compartilhada, idosos morando em asilos, etc. A marca resolveu entrar na conversa tratando da vida como ela é e demonstrar que está em sintonia com as vidas das pessoas de maneira “unfake”.
Uma das ações mais marcantes dessa nova fase, foi a Retail Therapy: os produtos da Ikea foram rebatizados com os problemas e questões da vida cotidiana, com base nas buscas que as pessoas fazem no Google: assim um quadro magnético virou “ele não consegue dizer que me ama”, um banquinho se transformou em “meu marido dorme do sofá” e o kit de furadeira se transformou em “dificuldade em tirar adolescentes da cama”.
Essa terapia de marca funcionou: a conexão da Ikea com o mundo “unfake” das pessoas teve um impacto direto nos indicadores de penetração de mercado, desejo pelos produtos e amor pela marca.
Criatividade, ousadia, conexão humana real e execução impecável, são absolutamente correlacionadas com resultados.
Vale conferir alguns filmes da marca que contam essas unfake stories:
Divórcio
Ikea muda nome dos produtos
Adolescente
https://www.youtube.com/watch?v=lRPBewglsRI&feature=youtu.be
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