Holdings ou consultorias? Qual o destino dos talentos criativos
Questionamento do modelo dos grandes grupos e avanço de novos players no mercado publicitário acirra a disputa por profissionais da área de criação

Philip Thomas, Nick Law, Emma Sharkey, Anatoly Roytman e Jaime Robinson (crédito: divulgação/CA)
A criatividade é artigo cobiçado em todas as indústrias, não só no mercado publicitário. O avanço das consultorias no mercado de agências com seus métodos e ferramentas tecnológicas associado ao questionamento do modelo das holdings de comunicação, orientadas pelo resultado financeiro, deixa no ar uma pergunta para os criativos: quem será meu próximo chefe?
“Alguns lugares nem parecem agências. Dizer o que vai acontecer é complicado. Algumas empresas poderão fazer melhor. Haverá reinvenção. Será um novo criativo? O criativo faz a coisa que vende, que ajuda o anunciante a ganhar dinheiro. É uma grande responsabilidade. A indústria criativa gosta de estar cercada de pessoas interessantes, um pouco loucas, um pouco neuróticas (risos). Acredito que a criatividade e a tecnologia devem andar juntas”, opina Nick Law, chief creative officer (CCO) global do Publicis Groupe.
Para Anatoly Roytman, diretor administrativo sênior para Europa, África, Oriente Média e América Latina e líder global de oferta comercial da Accenture Interactive, a resposta simples para a pergunta sobre o próximo chefe é: essa é a época mais excitante para os criativos. “Eles podem escolher vários lugares. Concordo com o Nick, tecnologia, consultoria e criatividade têm que andar juntos. Há nove anos, quando entrei na consultoria, era diferente. Mas somos muito criativos”, defende o executivo, que tentou “contratar Nick durante o seminário em diversas oportunidades, arrancando gargalhadas da plateia.
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A agência, comprada pela Accenture no final do ano passado, conquistou na edição deste ano do festival de Cannes o primeiro Grand Prix para uma consultoria, na categoria Creative Data, com trabalho que recriou o último discurso de John F. Kennedy. “Desde que entrei na indústria, escuto que ela está morrendo e a Accenture fala que o que fazemos é maravilhoso”, diz Emma.
Representante das agências independente, Jaime Robinson, co-fundadora e chief creative officer (CCO) da Joan Creative, afirma não ver problema em atrair talentos para a agência. “O interessante é que temos diferentes ferramentas para usar. Dados são importantes, mas em 20 anos de carreira, aprendi que publicidade é mais arte do que ciência. É ser significativo, criar uma sensação e fazer as pessoas sentirem até uma reação física. Acredito que é possível crescer e ganhar dinheiro mantendo a criatividade”, argumenta.