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Público 50+ impulsiona o mercado de luxo no Brasil

Estudo mostra que consumidores maduros lideram crescimento do setor, que deve movimentar R$ 150 bilhões até 2030

i 9 de outubro de 2025 - 9h10

Enquanto o consumo de luxo estabilizou no âmbito global, no Brasil, ele cresceu uma média de 12% entre 2022 e 2024, tornando-se líder na América Latina. No país, o setor movimentou R$ 98 bilhões em 2024 e a projeção é de que atinja R$ 150 bilhões até 2030, de acordo com a Bain & Company. E quem está movimentando este mercado é o público maduro, conforme destaca o estudo “O Cliente Gold é Prata”, do Data8.

Os brasileiros de alto poder aquisitivo representam cerca de 1,5 milhão de pessoas, com um acúmulo de US$ 860 bilhões em ativos líquidos, e com uma projeção de terem até US$ 1 trilhão até 2030. Desta parcela mais rica, os homens que representam 92% e 78% têm mais de 50 anos.

Segundo a pesquisa, esses clientes buscam exclusividade, personalização e prezam por qualidade. Na cesta de consumo desses prateados, estão itens de transporte, incluindo aquisição e manutenção de veículos, como embarcações, e viagens; alimentação, com foco em experiências gastronômicas premium; habitação, com investimentos em imóveis; saúde e vestuário, incluindo consumo de produtos de moda e objetos pessoais como jóias e relojoaria.

Hábitos de consumo

Outro destaque do estudo é o crescimento da compra online de itens de luxo. As vendas no digital de bens de luxo pessoais no Brasil cresceram 261% entre 2019 e 2024, com destaque para roupas e acessórios, eletrônicos, eletrodomésticos e utensílios para a casa, remédios e medicamentos, produtos de beleza e cosméticos.

A pesquisa também aponta novos hábitos que os prateados adotaram após a pandemia, como pedir delivery de comida, ter cuidado com a alimentação, tomar vitaminas e suplementos, comprar de farmácia pela internet ou app, comprar de supermercado pela internet ou app, e cursos e aulas online. Já em relação aos hábitos de saúde, a pesquisa também revela que 88% dos prateados têm plano de saúde privado, 65% tomam vitaminas e minerais com foco na prevenção e 23% já realizaram pelo menos um atendimento via telemedicina.

Prioridades

Tais comportamentos revelam que este público que já atingiu a acumulação patrimonial, agora busca desfrutar de uma maturidade com autonomia, qualidade emocional e de vida. Além disso, cuidar da saúde, viajar mais e passar mais tempo com a família passaram a ser prioridades para estes consumidores.

Entre as principais preocupações deste público estão o medo de perder a autonomia financeira de fazer o que quiser e perder a liberdade e vontade de experimentar coisas novas.

Falta de representatividade

Mesmo representando esta potência de consumo, apenas 42% dos brasileiros com mais de 55 anos e da classe A se sentem representados pela mídia e vistos pelas marcas e empresas, enquanto 30% não se sentem representados.

Segundo o Data8, 39% deste público acha que a publicidade os representa como alguém experiente e que compreende a vida, enquanto 25% acha que são representados como uma pessoa que curte a vida e busca realizar seus sonhos, e 22% como uma pessoa que busca aparentar ser mais jovem do que é.

Em outros países, este fenômeno já é bem conhecido. Nos Estados Unidos, 70% de todo o patrimônio das famílias, incluindo imóveis, ações e outros investimentos, estão sob o comando dos prateados. Na China, em 2024, a economia prateada foi estimada em 7 trilhões de yuan, aproximadamente US$ 966 bilhões, ou o equivalente a 6% do PIB, valor que deverá saltar para 30 trilhões de yuan (~10% do PIB) até 2035.

Já no Brasil, os prateados representam 24% do consumo privado total dos domicílios, aproximadamente um total de R$ 7.3 trilhões.