Análise: É ou não é design?
Mario Narita, CEO da Narita Design e jurado desta área no Cannes Lions 2017, questiona se o Grand Prix de 2018 se desvirtua da essência da palavra “design”
Mario Narita, CEO da Narita Design e jurado desta área no Cannes Lions 2017, questiona se o Grand Prix de 2018 se desvirtua da essência da palavra “design”
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21 de junho de 2018 - 11h20
Por Mario Narita, CEO da Narita Design e jurado desta área no Cannes Lions 2017
No ano passado, a categoria Design premiou 111 trabalhos. Entre eles, 22 foram agraciados com Leão de Ouro. Já nesse ano, o número total de premiados caiu para 70. Apenas nove receberam Ouro e, consequentemente, tiveram a chance de concorrer ao Grand Prix.
Olhando para os números, além de observar o rigor dos jurados nesse ano, achei interessante notar que, entre esses 9 premiados, 4 trazem mensagens visando um mundo melhor. São conteúdos de sustentabilidade, igualdade de gênero e respeito a natureza. Em 2017, tínhamos 15 trabalhos, entre os 22 que levaram o Leão de Ouro, trazendo mensagens desse gênero, seja em termos de empoderamento feminino, atenção ao problema dos refugiados, mensagens anti bullying e assim por diante. São ideias brilhantes, emocionantes e inspiradoras que nos engrandecem e mobilizam, além de elevarem a importância da publicidade, tornando-a mais verdadeira e conectada com os dias que vivemos hoje.
Mas, voltando para a análise da categoria em si, eu me pergunto: será que o Grand Prix de 2018, concedido à “Trash Isles”, de Plastic Oceans / LADbible, não se desvirtua da essência da palavra Design? Para mim, Design é uma solução para um problema, que deve ser voltada para um resultado no mínimo tangível – como um objeto, uma embalagem, uma publicação ou um mobiliário, entre outros…
Como é o caso do case “The Archaeologist”, de Ehinger Kraftrad ou “Intel Drone Light Show at the Olympics”, da Intel. Não são projetos necessariamente para Grand Prix, na minha opinião, mas são cases que têm essa premissa principal.
Ano passado, quando fui jurado, entre outros ouros “Kunstmuseum” e “Fearless Girl” apareciam como fortes candidatas ao Olimpo. Porém, contra argumentei que sendo o Grand Prix a premiação máxima da categoria, deveríamos enaltecer a profissão de design e também sinalizar para outros profissionais que com uma simples idea, um pequeno budget e mesmo oriundo de países em desenvolvimento seria possível ser laureado.
Para o meu deleite, “The Unusual Football Field” foi eleito o Grand Prix de 2017. Esse campo de futebol, todo estranho e deformado, é que vejo como um belíssimo exemplo de DESIGN.
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