Análise Glass: Marcas fortes são aquelas que tomam partido
Gal Barradas, Co-CEO da BETC/Havas, comenta o resultado da 3ª edição do Glass Lions, o Grand Prix da imagem que vale mais que mil palavras, os Ouros e o desempenho brasileiro
Análise Glass: Marcas fortes são aquelas que tomam partido
BuscarGal Barradas, Co-CEO da BETC/Havas, comenta o resultado da 3ª edição do Glass Lions, o Grand Prix da imagem que vale mais que mil palavras, os Ouros e o desempenho brasileiro
Sem Autor
20 de junho de 2017 - 6h05
O Glass Lions está na sua 3a edição. Vamos relembrar os critérios do seu julgamento: “O Glass Lion reconhece o trabalho que aborda de forma implícita ou explícita questões de desigualdade ou preconceito de gênero, através da representação consciente do gênero na publicidade”, explica o site oficial do Festival.
Não é simples ganhar um Leão, qualquer que seja. Ainda mais este que mexe com questões tão profundas, numa sociedade onde não há só preconceito de homens para mulheres, mas também de mulheres para mulheres. Sim, sabemos que isto existe e, muitas vezes, por terem sido criadas numa cultura machista ou por medo de lançar luz sobre uma questão que também as afeta, acabam se retraindo. Um dia, há de ser diferente. O problema é muito antigo e mudança cultural leva tempo. Estamos apenas começando. Mas, começamos 🙂
Agora vamos aos vencedores deste ano. Foram 11 no total, inclusive um brasileiro, da Ogilvy para Nescau, o que nos deixa muito felizes.
https://www.youtube.com/watch?v=m9qBHUkaHjE
O Grand Prix foi para Fearless Girl, aquele case da menininha em posição de desafio perante o touro de Wall Street. Este case, na minha opinião e de muita gente, já era o vencedor desde o dia que o mundo tomou conhecimento dele. Trabalho da McCann New York para a gestora de fundos State Street Global Advisors.
Uma ideia ímpar, provocante, emocionante, uma imagem valendo mais que mil palavras. Um símbolo poderoso para chamar a atenção para a baixa presença das mulheres nos boards das empresas. Viva as garotas e mulheres sem medo!
Além do Grand Prix, vieram 2 Ouros. Um deles foi da Nomades Mexico para a cerveja Tecate. Uma corajosa declaração da marca de um segmento com códigos normalmente masculinos. “Se você não trata bem uma mulher, Tecate não é pra você”. Admirável! Sabemos que marcas fortes são aquelas que tomam partido, se posicionam, não têm medo de se expor. É sabido que muitos problemas relacionados à violência contra a mulher, têm o abuso de álcool por trás. Tecate deixa uma bonita lição de responsabilidade.
https://www.youtube.com/watch?v=DkwkWfwT52w
O outro Ouro foi para ação #GiveHer5 dos absorventes Saafkins da India criado pela J.Walter Thompson de Amsterdã. O produto procura resolver um problema enfrentado pelas meninas e que é grave: na Índia, 40% delas faltam às aulas por não terem dinheiro para comprar os absorventes. Além da questão social, há uma questão de saúde, pois elas não têm como cuidar da higiene deste período. Produtos por si só também comunicam, e o engajamento desta empresa fica claro ao oferecer uma solução com preços bem mais acessíveis do que os produtos até então disponíveis no mercado. Ponto para eles e para as meninas!
https://www.youtube.com/watch?v=W_KfeI82zo0
Por fim, já que o Meio&Mensagem me confiou comentar neste espaço, me permito comentar a minha alegria em ter sido finalista no Glass com o App Woman Interrupted, criado pela BETC São Paulo e com tecnologia desenvolvida em parceria com a produtora Brave. Alta tecnologia para combater uma mentalidade antiga: homens que interrompem mulheres – muitas vezes sem perceber. Alcançamos 117 países e começamos a jogar luz sobre o problema. Que honra ter chegado tão longe.
Que os publicitários entendam cada vez mais o poder da criatividade em ajudar a sociedade a alçar outros níveis de convivência e desenvolvimento.
Compartilhe
Veja também
Brasil sobe para a segunda posição no Lions Creativity Report
País ocupa segundo lugar depois de seis anos consecutivos na terceira colocação do relatório anual do Lions
Veja ranking atualizado das brasileiras mais premiadas na história de Cannes
Gut sobre da 19ª para a 14ª colocação; e, nos três primeiros lugares, a Almap acumula 276 troféus; a Ogilvy mantém 158 Leões; e a DM9, brasileira mais premiada em 2024, salta de 137 para 153 troféus