Análise Lions Health: Empatia, tecnologia. Check, check
Mauro Arruda, diretor-geral e de criação da Havas Life, comenta para o Meio & Mensagem o resultado do Lions Health 2017
Análise Lions Health: Empatia, tecnologia. Check, check
BuscarMauro Arruda, diretor-geral e de criação da Havas Life, comenta para o Meio & Mensagem o resultado do Lions Health 2017
Sem Autor
18 de junho de 2017 - 14h39
Por Mauro Arruda, diretor-geral e de criação da Havas Life
A empatia tinha um encontro marcado com a tecnologia no Lions Health 2017. E elas se entenderam muito bem. Colocar-se no lugar do outro, descobrir suas necessidades não-atendidas e projetar uma solução engenhosa, mas não necessariamente complexa – se existe uma fórmula para se destacar no Lions Health, a deste ano (e dos próximos) parece ser essa.
Começando por Health & Wellness, e por um case que já chegou a Cannes consagrado: Meet Graham, o instigante projeto para a comissão de acidentes de trânsito de Victoria, Austrália, foi o Grand Prix da categoria. Não que isso tenha sido surpresa para alguém. Resultado do trabalho conjunto de um cirurgião traumatologista, um engenheiro de tráfego e uma artista plástica, Graham já chegou a Cannes como favorito, e sua carreira de prêmios está apenas começando. Caso você ainda não o tenha conhecido, Graham é um humanoide especialmente projetado para sobreviver a um acidente de trânsito. Meet Graham, porque vale a experiência.
De um lado mais singelo, mas não menos poderoso, temos o Ouro para Down Syndrome Answers. Assim que recebem a notícia de que seus filhos terão síndrome de Down, mães e pais imediatamente levam suas dúvidas e angústias ao Google. O projeto captura e categoriza essas buscas, e responde a elas com a ajuda de especialistas – ninguém menos que crianças portadoras da síndrome, que esclarecem as questões dos futuros pais em adoráveis vídeos no YouTube.
Quer mais um exemplo de empatia somada à tecnologia, mas desta vez por um ângulo de execução absurdamente complexo? Bem-vindo a Potatoes on Mars. Com a ajuda da NASA, pesquisadores tiveram sucesso em cultivar batatas num satélite que replica as condições climáticas de Marte, usando terras áridas do deserto peruano. Duas conclusões. A primeira: toma essa, Matt Damon, a gente conseguiu. A segunda, e mais importante: se podemos cultivar batatas em Marte, acabar com a fome no nosso planeta não pode ser tão difícil.
Agora chegamos à categoria Pharma, que tem crescido constantemente em número de inscrições e excelência criativa, mas parece viver uma certa crise de identidade típica da adolescência que ela atravessa. A maior parte dos cases premiados é unbranded – o que levanta a discussão sobre como reconhecer a criatividade dos projetos branded, o que em farma significa enfrentar barreiras regulatórias por todos os lados.
Um destaque dos Pharma Lions foi VR Vaccine, da Ogilvy brasileira, que levou Ouro e Prata ao introduzir óculos de realidade virtual e uma dose de magia para facilitar a aplicação de vacinas em crianças.
Outro leão de Ouro em Pharma foi para um projeto “secreto” sobre a prevenção de tráfico humano, a partir da aplicação de uma tecnologia médica já existente – detalhes do projeto não podem ser divulgados, pois isso colocaria em risco a sua própria existência. A ideia foi da Area 23, de Nova Iorque, que foi a agência do ano no Lions Health.
E o grande vencedor Pharma do ano foi Immunity Charm, também sobre vacinação, desta vez no Afeganistão. O projeto explorou um elemento cultural típico da cultura afegã – um bracelete usado por todos os bebês, para afastar as forças do mal – e o transformou numa forma de controle do esquema de vacinação de cada criança, ao relacionar cada conta colorida do bracelete a uma aplicação ou dose de reforço das diferentes vacinas. Além de vários Ouros, Immunity Charm foi recebeu o Grand Prix for Good em Pharma – embora neste ano o júri tenha optado por não entregar o Grand Prix regular da categoria, refletindo um pouquinho da crise de identidade de que falamos.
Conversando com os jurados, a gente percebe que existe no ar uma certa euforia com as oportunidades que se abrem no território de saúde e bem-estar. Se existe um sentimento capaz de mudar o mundo, é a empatia. E as novas tecnologias oferecem possibilidades inéditas para materializar essa nova realidade. Empatia, tecnologia. Check, check.
Compartilhe
Veja também
Brasil sobe para a segunda posição no Lions Creativity Report
País ocupa segundo lugar depois de seis anos consecutivos na terceira colocação do relatório anual do Lions
Veja ranking atualizado das brasileiras mais premiadas na história de Cannes
Gut sobre da 19ª para a 14ª colocação; e, nos três primeiros lugares, a Almap acumula 276 troféus; a Ogilvy mantém 158 Leões; e a DM9, brasileira mais premiada em 2024, salta de 137 para 153 troféus